Entre os dias 29/11 e 01/12, aproveitando o 26ª Seminário da Organização Internacional do Açúcar (ISO, na sigla em inglês), realizado anualmente em Londres, na Inglaterra, o diretor Executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa, participou de uma série de reuniões para tratar de temas importantes para o setor sucroenergético brasileiro e mundial.
Entre os principais pontos abordados nestes encontros, estão a viabilização comercial da cana transgênica desenvolvida pelo Brasil, a reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Buenos Aires, os impactos da imposição da salvaguarda ao açúcar pela China e as alterações da política tailandesa em relação à indústria açucareira local. A presença de Eduardo Leão na capital inglesa faz parte de uma parceria entre a UNICA e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para promover os produtos derivados da cana no exterior.
Após participar do Seminário da ISO, o diretor da UNICA, acompanhado por outros representantes do agronegócio brasileiro, esteve com integrantes da Global Sugar Alliance (GSA, em inglês), um fórum que reúne países responsáveis por aproximadamente 85% das exportações mundiais de açúcar. Formado por setores privados do Brasil, Austrália, Canadá, Chile, Colômbia, Índia, Guatemala, África do Sul e Tailândia, a iniciativa tem como objetivo garantir um comércio global livre e justo para o açúcar e etanol.
De acordo com o diretor da UNICA, um dos resultados do encontro foi a redação de um manifesto dirigido aos ministros de Estado que estão em Buenos Aires nesta semana para uma reunião da OMC. O documento defende regras que incentivem o livre comércio, coíbam práticas de protecionismo e subsídios domésticos aos produtores de açúcar. (acesse o documento aqui)
China
Na reunião com integrantes da GSA, também foi demonstrada a preocupação com a salvaguarda imposta pela China, o que tem gerado impactos significativos no comércio global, penalizando principalmente grandes exportadores de açúcar bruto, como o Brasil. Em maio deste ano, a China impôs uma medida de salvaguarda contra o açúcar, por meio de um aumento da tarifa do produto importado fora da cota, que subiu de 50% para 95% no primeiro ano, para 90% no segundo e 85% no terceiro.
Tailândia
A propósito dos subsídios concedidos irregularmente a produtores de açúcar mundo afora, a diretoria da UNICA esteve com executivos do governo e da indústria sucroenergética da Tailândia para uma atualização sobre as mudanças em curso naquele país relacionadas ao produto.
Entre as alterações mais significativas, destaca-se o fim dos subsídios aos fornecedores de cana, a eliminação do regime de cotas e a liberalização do preço doméstico do açúcar, que passaria a flutuar de acordo com o mercado mundial, e não mais por meio de preços de referência definidos pelo governo e sistematicamente acima do preço de paridade internacional.
“Estas alterações da política do açúcar na Tailândia fazem parte de um compromisso acordado entre os governos tailandês e brasileiro, os dois maiores exportadores de açúcar do mundo, com cerca de 55% mercado global. O Brasil está confiante de que essas medidas serão benéficas para todos os países produtores de açúcar, de forma competitiva e sem mecanismos de apoio doméstico fora das regras da OMC”, avalia Eduardo Leão.
Vilanização
O representante da UNICA também participou de um encontro do Conselho da World Sugar Research Organization (WSRO, em inglês), que reúne as principais nações produtoras de açúcar. A missão da entidade é acompanhar e gerar pesquisas sobre “açúcar e saúde”, discutindo as políticas públicas de regulação do consumo do produto em diversos países.
Entre os temas atuais que mais preocupam os integrantes da WSRO está o processo de “vilanização” do ingrediente, acusado injustamente de ser o grande responsável pelo aumento dos casos de obesidade e diabetes no mundo, inclusive no Brasil, desconsiderando uma série de outros fatores, como os novos hábitos alimentares e o sedentarismo advindos da sociedade moderna que, em seu conjunto, têm sido os reais causadores de doenças não transmissíveis.