O empresário Maurílio Biagi Filho confirmou nesta sexta-feira (14/02) que não será candidato a vice-governador na chapa do ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, provável nome do Partido dos Trabalhadores para disputar o governo paulista nas eleições deste ano. Segundo Biagi, a decisão foi comunicada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Padilha no sábado (08/02), em Ribeirão Preto.
“É uma decisão amadurecida durante quatro meses, após o convite feito no final de setembro. Comuniquei ao Lula e ao Padilha após o jantar em Ribeirão Preto na última sexta-feira, com lideranças do agronegócio,” disse. O jantar em Ribeirão Preto para mais de 200 convidados, que teve Lula e Padilha como convidados especiais e a participação da presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Elizabeth Farina, foi organizado por Biagi.
O empresário conta que detalhou, em reuniões com Padilha e Lula, todos os detalhes sobre o que vem ocorrendo no setor sucroenergético nos últimos tempos. “Será muito difícil ganhar uma eleição em São Paulo sem encarar de frente a situação do setor, buscando reais soluções. Hoje, posso dizer que o Padilha e o Lula sabem tudo, sabem a dramaticidade que está acontecendo. Coloquei para eles com todas as letras,” disse.
Enquanto considerou a hipótese de compor a chapa de Padilha, Biagi conta que organizou diversas reuniões com lideranças do setor sucroenergético, para que Padilha entendesse bem a situação que o setor atravessa no estado de São Paulo e em todo o País. “É muito dramático o que está acontecendo e era importante que eles tivessem pleno conhecimento da situação,” comentou.
Biagi concluiu que ser candidato a vice-governador não é sua vocação e decidiu que prefere estar livre para trabalhar “fazendo pontes, pois é o que sempre fiz em minha vida.” O empresário traçou um paralelo entre o protesto de militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) realizado na quinta-feira (13/02) em Brasília, seguido de audiência do MST com a presidente Dilma Rousseff, e o movimento que ele liderou no final dos anos 90, quando o preço do etanol nas usinas chegou a R$0,14 o litro. Em protesto, os participantes do movimento distribuíram quase 500 mil litros de etanol nas ruas das cidades da região de Ribeirão Preto e promoveram diversas manifestações, bloqueando até mesmo a entrada de um dos principais eventos do agronegócio nacional, o Agrishow.
“Toda vez que o setor sucroenergético diz que tem 2 milhões de colaboradores, não mostra a cara dessas pessoas. Poucas usinas estão dispostas a parar a produção por um dia para fazer um movimento para valer. Enquanto esse tipo de movimentação não ocorrer, não vamos solucionar os problemas do setor,” concluiu Biagi.