Apesar da redução na projeção para a safra de cana-de-açúcar 2008/09 anunciada em setembro pela União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), a produção de cana no Brasil este ano será recorde. A conclusão foi apresentada pelo assessor econômico da entidade, Luciano Rodrigues, durante o XIX Seminário da Associação Brasileira de marketing Rural & Agronegócio (ABMR&A) realizado na quarta-feira (01/10/2008) no Clube Transatlântico, em São Paulo.
Os dados iniciais, divulgados em abril, estimavam uma produção de 498,1 milhões de toneladas, projeção que recuou para 487,5 milhões de toneladas devido à ocorrência de chuvas em maior intensidade do início da safra em algumas regiões e ao atraso no início de operação das unidades novas (3 das 32 novas unidades previstas para entrar em operação em 2008 não irão operar esse ano, reduzindo o número de novas unidades para 29). Com isso, a colheita foi prejudicada, o que levou à redução na moagem de algumas unidades produtoras. Para Rodrigues, o acompanhamento da safra até a primeira quinzena de setembro, que apontou uma queda em relação ao patamar de agosto, foi considerado dentro das expectativas.
Na apresentação, Rodrigues abordou ainda o que gerou o aumento das exportações brasileiras de etanol. De acordo com ele, com as chuvas no cinturão do milho dos Estados Unidos (EUA), o preço do etanol americano aumentou de preço, tornando o etanol de cana-de-açúcar brasileiro mais competitivo naquele mercado. “A taxa de 54 centavos de dólar cobrada por galão (3,78 litros) de etanol brasileiro que chega aos EUA torna o produto menos competitivo no mercado americano”, explicou Rodrigues. “O aumento de preços do etanol de milho no final do primeiro semestre tornou o álcool de cana viável comercialmente, aumentando as nossas exportações”.
Rodrigues destacou o trabalho da UNICA para tornar o etanol uma commodity global, estimulando sua produção em outros países e defendendo a eliminação das barreiras tarifárias nos EUA e na União Européia. Sobre o mercado doméstico, Rodrigues ressaltou a necessidade de definição de uma política de longo prazo para a matriz de combustíveis brasileira que, nos últimos 30 anos, tem sido instável, o que prejudica o planejamento de investimentos por parte da iniciativa privada.
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