O Ministério de Minas e Energia (MME) assinou hoje, 17 de junho, portaria que regulamenta o processo de enquadramento de projetos prioritários no setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis para emissão de debêntures incentivadas, medida que contribuirá para destravar investimentos. A cerimônia de assinatura da portaria pelo Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, foi realizada em São Paulo, durante o Ethanol Summit 2019, maior evento do setor sucroenergético da América Latina, organizado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA).
O evento reúne autoridades nacionais e internacionais, empresários, acadêmicos e especialistas para debater os principais temas do setor, como inovação, mobilidade, biocombustíveis, bioeletricidade, políticas públicas, comércio internacional e infraestrutura.
No discurso de abertura, o presidente do Conselho da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Marcelo Ometto, afirmou que, nos dias atuais, eficiência produtiva, sustentabilidade e responsabilidade social são as grandes tônicas do segmento.
O governador João Dória elogiou os investimentos na tecnologia brasileira que permite ao etanol ter uma função tão significativa no Brasil.
A ministra Tereza Cristina falou que a chegada das usinas de açúcar e álcool em seu estado natal, Mato Grosso, modificou positivamente a paisagem agrícola e social da região. Ressaltou a importância do segmento para a matriz energética brasileira, uma vez que o setor ocupa a segunda posição na produção de energia para o país. Tereza Cristina também elogiou o RenovaBio e pontuou: “talvez seja o maior programa de descarbonização que o mundo terá”, disse. Reiterou, por fim, o apoio do Ministério da Agricultura ao setor sucroenergético.
Sergio Segovia, presidente da Apex Brasil, afirmou que a Agência apoia o setor sucroenergético na ampliação da competitividade e na divulgação do etanol no mercado internacional. O Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que, durante a abertura do evento, assinou Portaria que regulamenta o enquadramento de projetos prioritários no setor de petróleo, gás natural e biocombustíveis, falou dos desafios do setor na busca de maior competitividade e investimentos no setor.
O presidente da UNICA, Evandro Gussi, traçou um histórico sobre o papel da cana-de-açúcar no Brasil, passando pelas importantes conquistas do setor até os dias atuais. O executivo encerrou a abertura do evento com o novo slogan da Unica: Alimento e energia sustentável do Brasil para o mundo.
Hoje, a maioria das usinas faz uso de “defensores biológicos”. Cerca de 4 milhões de hectares de cana já são protegidos por estes agentes microbiológicos (bactérias, fungos e vírus) e macrobiológicos (insetos como vespas), que trabalham combatendo organismos nocivos ao canavial.
Esta realidade já está mudando os canaviais e representa uma volta às origens da agricultura, com as pragas naturais sendo combatidas por seus inimigos naturais.
Na cana, o controle biológico é eficaz contra pragas como a broca da cana, a cigarrinha, o sphenophorus e nematoides, podendo associar o uso de bioprodutos com químicos. Já o manejo biológico inclui biofertilizantes, bioestimulantes, extratos de algas e outros produtos microbiológicos, como fixadores de nitrogênio.
Ao invés de concorrentes, os biológicos são aliados dos defensivos químicos, compondo com destaque o Manejo Integrado de Pragas (MIP). E otimiza os recursos com o uso dos equipamentos normalmente empregados no manejo, ou até mais econômicos, como drones, incentivando o desenvolvimento da agricultura digital e o emprego de mais inteligência nas operações.
E a tendência é que o manejo biológico cresça por conta da demanda dos consumidores e do mercado por alimentos mais saudáveis, livres de químicos e obtidos por processos mais próximos dos naturais. O próprio RenovaBio deve intensificar sua adoção, pois o manejo biológico permite uma nota maior na emissão dos Crédito de Descarbonização (CBIO) por conta da redução na emissão de carbono e o impacto nulo ou baixo para o ambiente.
No caso das usinas, a necessidade de redução de custos também tem favorecido o controle biológico, já que a maioria dos bioprodutos é mais barata do que os químicos, apresentam quase sempre a mesma eficiência em curto prazo, e maior no médio e longo prazo.
Segundo a ABCBio, um dos fatores de incremento na adoção de biológicos é sua crescente eficiência no controle de pragas e doenças, com casos de agentes biológicos que já apresentam a mesma eficácia dos produtos convencionais. Outro fator é que há uma demanda por soluções que resultem em menor impacto em termos de resíduos, principal característica dos agentes biológicos.
O fato é que o manejo biológico ou orgânico representa uma efervescência de produtos, de tecnologias e de conhecimentos e não pode mais ser menosprezado na estratégia agrícola das usinas e produtores de cana!
Visando ampliar a discussão sobre as principais tendências e estratégias da área, a ProCana Brasil estará realizando o primeiro Seminário de Manejo Biológico e Orgânico em Cana-de-Açúcar, nos dias 26 e 27 de junho no Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto.
Denominado CANABIO, o evento representa uma oportunidade única de benchmarking na área, pois já estão confirmadas apresentações e cases de diversas usinas, incluindo os grupos brasileiros Adecoagro, Atvos, Balbo, Biosev, Guaíra, Jalles Machado, Raízen, Tereos e Vale do Verdão; e de grupos internacionais como o Pantaleon, da América Central, e a Oitisa, do Paraguai; além dos maiores especialistas da área.
Seja olhando para o passado ou para o presente, os fatos revelam que o manejo biológico representa o futuro. Nosso papel deve ser promover uma volta ao futuro, a este futuro biológico e sustentável para a cana!
Josias Messias, presidente do Grupo ProCana Brasil
QUADRO
Principais Pragas da Cana X Métodos de Controle Biológico:
Broca-da-cana X Trichogramma galloi e Cotesia flavipes
Cigarrinha-da-raiz X Metarhizium anisopliae
Bicudo-da-cana (Sphenophorus levis) X Beauveria bassiana e nematóides entomopatogênicos
Broca-gigante (Telchin licus) X (Em estudo)
Nematicidas e fungicidas biológicos e microrganismos que contribuem para o desenvolvimento radicular da cana: Trichodermas, Bacillus, Pochonia, Azospirillum e Paecilomyces.