Um sistema que defina o pagamento da cana-de-açúcar nos moldes do já adotado no estado de São Paulo por meio do Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool (Consecana) foi proposto no Mato Grosso do Sul (MS) para melhorar a coordenação e articulação entre os elos da cadeia sucroenergética. A sugestão ocorreu durante o 3º Congresso de Tecnologia na Cadeia Produtiva da Cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul – CANASUL 2009, realizado nos dias 24 e 25 de agosto em Campo Grande, capital do estado.
Para Eduardo Leão de Sousa, diretor-executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), um modelo semelhante ao do Consecana é fundamental para uma indústria em expansão, como a sul-mato-grossense. “O modelo beneficia toda a cadeia. É um mecanismo poderoso, de caráter privado, que permite o compartilhamento do risco de preços entre produtores e indústria. Com isso diminuímos o poder de barganha dos dois lados, pois a regra já está determinada.”, afirmou Sousa, que participou do painel “Relação Fornecedores/ Indústria” juntamente com a diretora da Orplana, Maria Cristina Pacheco.
Em São Paulo, o Consecana é formado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e pela Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana). Seu sistema de pagamento é baseado no teor de sacarose da cana-de-açúcar e tem adoção voluntária. Mato Grosso do Sul possuiu atualmente 17 usinas em funcionamento, com expectativa de crescimento de 95% em três anos e moagem na safra 2009 de aproximadamente 33 milhões de toneladas. “É um dos estados onde, seguramente, vai acontecer a maior expansão nos próximos anos”, enfatizou Sousa.
Crise internacional e o setor
O diretor executivo da UNICA fez ainda uma apresentação sobre o “Cenário Macro-Econômico – Crise Internacional e os Reflexos no Setor”. Segundo ele, o setor sucroenergético sentiu fortemente a crise, pois vinha de um período de grandes investimentos, cerca de US$ 20 bilhões nos últimos quatro anos.
“Fomos muito afetados também pelo fato de que os preços do etanol e açúcar vinham baixos já há alguns anos e o crédito para capital de giro literalmente ‘secou’. No entanto, os fundamentos de mercado continuam positivos para médio e longo prazo. Tanto no Brasil como no exterior, o setor tem uma boa perspectiva de crescimento”, concluiu Sousa.