undefinedRepresentantes de duas das maiores petroleiras do mundo, BP e Shell, destacaram a sustentabilidade do etanol de cana de açúcar brasileiro no simpósio de combustíveis alternativos da Conferência Européia de Combustíveis, realizado entre 9 e 12 de março em Paris. Ambos detalharam os motivos por trás da decisão tomada pelas duas multinacionais, agora envolvidas na produção de etanol de cana-de-açúcar no Brasil.
Olly Macé, gerente de estratégia e tecnologia da BP e Paul de Moudt, gerente de energia alternativa e estratégia de desenvolvimento de combustíveis da Shell, destacaram a necessidade de responder aos desafios de segurança energética e mitigação das mudanças climáticas como principais razões para a presença de suas empresas na produção de etanol no Brasil. O etanol brasileiro foi elogiado durante o simpósio por ser o único combustível renovável de baixo carbono que atende requisitos de sustentabilidade em escala comercial, com baixo custo.
Em uma sessão dedicada a biocombustíveis de nova geração, veículos Flex-Fuel, desafios e perspectivas, o representante-chefe da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) na União Européia (UE), Emmanuel Desplechin, destacou os elementos principais para garantir o crescimento da indústria de cana de açúcar. Ele explicou que os carros Flex-Fuel representam 90% das vendas de veículos novos no Brasil, o que garante a contínua e crescente demanda pelo etanol combustível.
No mercado internacional, a adoção gradativa de políticas públicas por vários países estabelecendo o uso de energias renováveis no setor de transportes, particularmente etanol, exige que mais biocombustíveis sejam importados do Brasil segundo Desplechin. Só o Renewable Fuel Standard (RFS2), regulamentação recentemente anunciada pelo Estados Unidos, estabelece um consumo mínimo de 136 bilhões de litros de etanol até 2020.
A regulamentação americana também estabelece um mandato para etanol avançado não celulósico, no qual o etanol de cana-de-açúcar do Brasil se qualifica por sua capacidade de reduzir as emissões de gases do efeito estufa em pelo menos 50% comparado com a gasolina. Essa condição foi reconhecida no início deste ano pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), que designou o etanol brasileiro como “biocombustível avançado”.
Na União Européia, a Diretiva de Energia Renovável estabelece que 10% dos combustíveis nos transportes sejam provenientes de recursos renováveis até 2020. Segundo Desplechin, isso pode representar um mercado de mais de 14 bilhões de litros por ano para o etanol.
A tendência de internacionalização acontecendo atualmente na indústria brasileira de cana-de-açúcar foi apresentada por Desplechin durante sua sessão como um elemento-chave, levando a indústria rumo a um contínuo e crescente melhoramento nas considerações de sustentabilidade.
A participação da UNICA na Conferência de Combustíveis Europeus ocorreu dentro do escopo do projeto Apex-Brasil/UNICA, iniciado em janeiro de 2008. Trata-se de uma parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O objetivo do projeto Apex-Brasil/UNICA é promover a imagem do etanol brasileiro de cana-de-açúcar como energia limpa e renovável ao redor do mundo.