Representantes de mais de cinco mil produtores de cana-de-açúcar do Estado de Chiapas, no México, consideram exemplar o modelo produtivo adotado pela indústria brasileira, particularmente na fabricação de açúcar. Esta foi uma das razões da visita de uma delegação formada por dez integrantes da Sugar Cane Association of Chiapas à sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), nesta terça-feira (17/11/09), em São Paulo.
“Para nós foi uma surpresa notar como a produção é diversificada no Brasil, atendendo a demanda por açúcar e etanol nos mercados interno e externo”, comentou José Antonio, proprietário de uma das duas grandes usinas em Chiapas. A associação mexicana é formada por 15 integrantes, cada qual representando diferentes agentes da cadeia produtiva local como produtores, fornecedores e comerciantes.
No México, a produção de cana é distribuída por 15 dos 32 estados do país. Na safra 2007/08, a produção total de açúcar foi de 5,5 milhões de toneladas, seis vezes menor que o produzido no mesmo período pelo Brasil. Os estados de Veracruz, Jalisco e San Luis Potosí são os maiores fornecedores de açúcar no México, sendo que Veracruz participa com 41% da produção nacional.
Na opinião do diretor técnico da UNICA, Antonio de Padua, o interesse do mexicanos no Brasil está alicerçado em alguns pontos. “No nosso País, a expansão e aumento da competitividade foram resultado de fatores como o grande investimento na produção de diferentes variedades de cana, e no desenvolvimento de novas práticas agrícolas e processos industriais. Sem deixar de mencionar o fato do setor ser independente do governo; a criação do ‘Consecana’, que torna transparente a forma de se calcular o preço da tonelada da cana e incentiva a expansão de produtores autônomos”, avaliou.
Interesse estratégico
Segundo dados da entidade, o plantio da cana-de-açúcar ocupa cerca de 650 mil hectares (ha) no México, gerando aproximadamente dois milhões de empregos durante a fase de cultivo e colheita. A cultura canavieira é a quinta atividade agrícola mais importante do país em superfície colhida, sendo superada apenas pelas culturas do milho, feijão, sorgo e trigo.
O interesse dos produtores de Chiapas em aumentar a produção local de açúcar é conseqüência de uma baixa produtividade naquela região, que contribuiu com apenas 8% do total do produto na safra passada, ou cerca de 300 mil toneladas. A média nacional de produtividade de açúcar no México chega a 8,1 toneladas por hectare (ha), ainda de acordo com Sugar Cane of Chiapas.
“No Brasil, se por hipótese a cana processada fosse destinada somente à fabricação de açúcar, a produtividade alcançaria 10,2 toneladas por ha. Isto sem contar os mais 850 litros de etanol anidro residual, um subproduto no qual é possível extrair o combustível renovável”, explica Antonio de Padua.
