O presidente do México, Felipe Calderón, convidou a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) para coordenar uma missão a seu país composta por empresários e técnicos brasileiros. O objetivo é avaliar formas de cooperação para intensificar a produção mexicana de etanol, com o possível envolvimento de empresários brasileiros do setor. A data da missão não foi definida, embora Calderón tenha expressado que deseja acelerar este entendimento durante encontro neste sábado (15/08/2009) no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo.
“O México deverá caminhar rapidamente para uma mistura de até 10% de etanol na sua gasolina. A experiência brasileira poderá contribuir para esse processo”, afirmou o presidente mexicano a um grupo de executivos e representantes do setor sucroenergético. Ele manifestou ainda interesse em ampliar a exportação de etanol mexicano para os Estados Unidos, o que poderia ser feito sem a imposição de tarifas de importação pelos americanos devido à participação dos dois países no NAFTA, o Acordo de Livre Comércio da América do Norte, que também inclui o Canadá.
Para o presidente da UNICA, Marcos Jank, o Brasil já possui grande experiência na produção de etanol e pode compartilhar, transferir ou mesmo adaptar este conhecimento às necessidades de outros países da América Latina. “Sabemos que o continente tem vantagens comparativas e competitivas na produção do etanol. A missão técnica entre Brasil e México pode representar um esforço conjunto de cooperação, para aumentar a segurança energética do hemisfério”, avaliou.
Competitividade
Calderón se reuniu por mais de uma hora com Jank, o diretor executivo da UNICA, Eduardo Leão de Sousa, a Assessora para Relações Institucionais da entidade, Carolina Costa e os Conselheiros da entidade, Luiz Pogetti, presidente da Copersucar, e Eduardo Carvalho, ex-presidente da UNICA e ex-diretor da ETH BioEnergia. A competitividade do etanol de cana produzido no Brasil em relação ao de outros países também foi tema das discussões.
“O Presidente Calderón demonstrou grande interesse em entender melhor os fatores de produção da cana-de-açúcar, as relações comerciais entre produtores e indústria, bem como as políticas públicas do nosso programa de etanol”, ressaltou Sousa, reforçando o interesse da delegação mexicana em conhecer detalhes sobre a produção brasileira de etanol que poderiam ser adotados para expandir a produção no México.
A delegação mexicana, formada por 17 pessoas, incluiu o embaixador do México no Brasil, Andrés Valencia Benavides; o embaixador do Brasil no México, Sergio Abreu e Lima Florêncio; os secretários federais mexicanos de Energia, Georgina Kessel; das Relações Exteriores e embaixadora, Patricia Espinosa Cantellano; e de Economia, Gerardo Ruiz Mateos; além de empresários e representantes dos principais partidos políticos.
Mistura de Etanol na Gasolina
Durante o encontro, a ministra de Energia do México confirmou que até 2011 o governo vai estabelecer um programa de adoção da mistura de 2% de etanol à gasolina (E2) na província de Guadalajara. Também presente à reunião, a diretora Executiva Nacional do Partido Revolucionário Institucional (PRI), Beatriz Rangel, manifestou grande interesse na ampliação da produção de etanol para uso doméstico e também para exportação para os EUA. Ela destacou a disponibilidade de terras para investimentos dessa natureza no país, bem como a forte vocação de diversas regiões para o plantio de cana-de-açúcar.
“Durante a reunião ficou claro que o México tem bastante interesse em avançar na produção e no consumo do etanol de cana. E a adoção de uma mistura de etanol é o primeiro sinal do governo mexicano a favor de uma política de biocombustíveis para promover a diversificação de sua matriz energética”, concluiu Sousa.