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“Não queremos partir do zero, viemos aprender sobre etanol,”

28 de outubro de 2010

As negociações entre a Tanzânia e o Brasil para o desenvolvimento do etanol de cana-de-açúcar estão apenas começando, e há um longo caminho pela frente. A mensagem, do Comissário para Assuntos de Energia e Petróleo do governo tanzaniano,  Bashir J. Mrindoko, veio durante visita à sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), em São Paulo, na sexta-feira (22/10). Ele veio acompanhado por uma delegação do Ministério de Energia e Minérios de seu país.

“Nossa vinda ao Brasil não foi por acaso. Sabemos que aqui há muito conhecimento para absorver e isso é só o começo. Vamos levar para casa tudo que aprendemos, mas o contato com especialistas brasileiros vai continuar. Queremos formular nossa política de biocombustíveis e a experiência brasileira será muito útil quando desenvolvermos estas ferramentas,” afirmou Mrindoko, após assistir apresentação da assessora de Relações Institucionais da UNICA, Nayana Rizzo, que detalhou o programa de etanol brasileiro.

O comissário justificou a escolha do Brasil porque a indústria de biocombustíveis é avançada “Não queremos reinventar a roda, não queremos partir do zero, viemos para aprender,” complementou.

Relações Comerciais

O governo tanzaniano firmou três acordos com o Brasil durante a visita do Presidente Lula à capital do país, Dar es Salaam, em julho de 2010. Um deles, assinado junto à Agência de Petróleo da Tanzânia, determina o desenvolvimento de parcerias no setor de biocombustíveis. A Tanzânia estabeleceu também que pretende adicionar até 9% de etanol na gasolina vendida no país.

O petróleo utilizado na Tanzânia é importado, enquanto a eletricidade é produzida por recursos locais por meio de hidroelétricas, gás natural, carvão e fontes renováveis, como a biomassa. O país já produz cana-de-açúcar e pretende, com o programa de biocombustíveis, estabelecer quais áreas são adequadas para a produção de etanol, além de especificar as variedades de cana que devem ser desenvolvidas nestas áreas.

Diante deste cenário, durante a reunião na UNICA, o diretor de sustentabilidade do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), Manoel Regis Lima, apresentou algumas opções de parceiros brasileiros para um programa de colaboração entre Brasil e Tanzânia, para os testes de diferentes variedades de cana direcionados àquele país.

Zoneamento Agroecológico

O comissário ressaltou a importância do Zoneamento Agroecológico da Cana-deAçúcar e o papel da UNICA na divulgação deste programa: “A UNICA mostra os fatos para o público, assim sabemos que tudo está sendo feito de um modo bem profissional, como por exemplo, o mito que existe em torno da competição entre o setor de alimentos e o etanol. Isto não ocorre de forma alguma. A produção de cana ocupa pouquíssimo espaço de terra e o Zoneamento mostra o comprometimento do setor em não invadir as áreas de restrição”.

“Especialistas brasileiros já vieram ao nosso país duas vezes para treinar pessoas sobre o Zoneamento Agroecológico. Portanto, já começamos a trabalhar juntos,” concluiu o comissário da Tanzânia.