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Nova coletânea examina presença do País no mundo globalizado

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2 de junho de 2008


Diversos especialistas em economia, entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, participam com artigos do livro “Brasil Globalizado”, coletânea lançada em São Paulo nesta segunda-feira (26/05). Organizado pelo economista-chefe do Bradesco Otávio de Barros e pelo economista do BNDES Fábio Giambiagi, a obra conta com um capítulo dedicado ao fenômeno conhecido como “doença holandesa”, que tem co-autoria do presidente da UNICA, Marcos Jank.  

O termo “doença holandesa” é um conceito econômico que se refere à valorização da moeda de um país devido à elevação dos preços no mercado externo de algumas de suas commodities de exportação. Isto teria como conseqüência a perda da competitividade de outros setores da economia, já que em função da valorização cambial, os produtos importados ficariam artificialmente mais baratos no mercado interno. No Brasil, para alguns economistas, este fenômeno seria a cauda da valorização do real frente ao dólar.

Para Jank, no entanto, a valorização cambial deveu-se muito mais a questões estruturais do País, como o deficiente ambiente de negócios brasileiro, a pesada carga tributária imposta pelo governo e a falta de investimentos em infra-estrutura. “O que identificamos em nossas análises foi que o Brasil poderia estar sofrendo do que batizamos de ””””doença brasileira””””, provocada pelos gargalos estruturais já conhecidos do País”, relatou Jank, acrescentando que os problemas culminam com a falta de isonomia competitiva no Brasil.

No capítulo “Exportações: existe uma doença brasileira?”, as análises apontam que a valorização do real pode, de fato, ter prejudicado a competitividade de algumas categorias de produtos de exportação, especialmente as de menor valorização no mercado externo. No entanto, não foi identificada uma clara relação entre esta perda de competitividade e efeitos característicos da doença holandesa. Sendo assim, a valorização do real só tenderia a acentuar os problemas estruturais já existentes, intensificando seus efeitos negativos.

O capítulo tem co-autoria de Jank e do consultor do Banco Mundial Sidney Nakahodo, do diretor do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (CINDES) Roberto Iglesias e do assistente de pesquisa do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ÍCONE), Marcelo Moreira. O termo doença holandesa foi cunhado no início dos anos 80, quando houve uma escalada dos preços do gás natural que aumentou substancialmente as receitas de exportação da Holanda e valorizou o florim (moeda da época). Como conseqüência, o excesso de exportações de gás derrubou as exportações dos demais produtos, por falta de competitividade.