Novas variedades da Monsanto indicam expansão da biotecnologia

Com o lançamento de três variedades comerciais de cana, a Monsanto ingressa na cadeia sucroenergética nacional e reforça ainda mais a presença de empresas especializadas em biotecnologia no setor. Esta é a avaliação do consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, sobre os novos produtos – chamados de CV 7231, CV 7870 e CV 6654 – apresentados oficialmente pela gigante do agronegócio mundial na primeira quinzena de fevereiro (10/02).

“Esta nova geração de cana desenvolvida pela Monsanto, além de ser a primeira da companhia destinada ao segmento canavieiro, simboliza um importante avanço em inovação tecnológica para a indústria canavieira, onde já atuam empresas estrangeiras como Amyris

Szwarc complementa dizendo que “as três espécies produzidas pela Monsanto são capazes de gerarem até 100 toneladas de cana por hectare (ha), um ganho significativo de produtividade em relação ao verificado atualmente em canaviais do Centro-Sul.” No período 2011/2012 algumas regiões registraram rentabilidade abaixo de 70 toneladas por ha, decorrência de problemas climáticos e falta de replantio nas lavouras.

“As novas variedades atendem à demanda do mercado brasileiro por materiais produtivos e adaptados aos diferentes tipos de manejo,” afirma o líder de Negócios de Cana-de-Açúcar na Monsanto no Brasil, José Carlos Carramate. Em entrevista à Agência Estado (AE) no dia 16/02, o executivo explica que a entrada da emopresa no mercado comercial da cana deverá ocorrer de forma gradativa. “Estamos saindo do zero e é complexo prever, porque o período de transição e de troca de variedades é lento”, ressalta.

Embora não informe precisamente o valor total do investimento, Carramate adianta que, “por menos de R$ 30 milhões, R$ 35 milhões ao ano, uma empresa não consegue apresentar duas ou três variedades novas.” Os produtos começaram a ser desenvolvidos há nove anos pela CanaVialis, empresa criada em 2003 e adquirida em 2008 pela Monsanto por US$ 290 milhões.

Variedades

• CV 7231 – Alto teor de sacarose no início da safra, o que determina precocidade. Possui bom desempenho de brotação de soqueira e é adaptada à colheita mecanizada devido ao seu porte ereto.

• CV 7870 – Qualidade, além de características como porte ereto e boa adaptabilidade. Além de uma excelente germinação sob plantio mecanizado, a variedade possui excelente performance sob colheitas mecanizadas, especialmente quando realizadas em junho e julho.

• CV 6654 – Variedade se destaca pelo excelente perfilhamento, sanidade e colheitabilidade. Pode ser manejada até agosto.

No Brasil, atualmente, o portfólio da multinacional sediada nos Estados Unidos (EUA) possui 70 clientes, entre usinas e grupos sucroenergéticos. A Monsanto, que também produz herbicidas e sementes de milho, soja, algodão e hortaliças, faturou R$ 2,8 bilhões em 2011 no mercado brasileiro.