O modelo de produção de etanol brasileiro servirá de exemplo para países da América Latina e Caribe, que estão sob a influência da Organização dos Estados Americanos (OEA). Este marketing espontâneo foi revelado por uma delegação de nove diplomatas e executivos de El Salvador, Guatemala e República Dominicana, que visitam a sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), em São Paulo, na segunda-feira (07/02).
“Há muito a aprender no Brasil, que adotou um modelo que pode funcionar em nossos países, na cooperação público-privada e no desenvolvimento de uma empresa privada forte com grandes componentes de responsabilidade social e ambiental,” afirma Francisco Burgos, especialista em energia do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da OEA.
Na extensa agenda da OEA está o incentivo ao consumo de etanol nos países da América Central e Caribe. “Graças ao apoio dos EUA e do Brasil, a OEA trabalha para explorar formas políticas legais para a produção de etanol de forma sustentável (nestas nações) e que incentivem o consumo local,” explica Burgos.
El Salvador e Guatemala, por exemplo, produzem etanol localmente mas não consomem: “todo o etanol é exportado para o mercado europeu e uma parte vai para os Estados Unidos,” acrescenta.
Memorando de entendimento
Em março de 2007, Brasil e Estados Unidos assinaram um memorando de entendimento para avançar na cooperação de biocombustíveis. O acordo torna possível o intercâmbio de experiências entre os governos para biocombustíveis sustentáveis, com uma consequente troca de informações entre os países da América Central e no Caribe. Segundo comunicado distribuído pelo Departamento de Estado dos EUA sobre o memorando, estas nações “têm oportunidades únicas para o desenvolvimento e uso local de biocombustíveis”.
A OEA atua como parceira institucional deste acordo, além de apoiar a assistência técnica e atividades de reforma política na República Dominicana, El Salvador, Haiti, Guatemala, Jamaica, St. Kitts e Nevis.
Por trás deste trabalho, explica o executivo da OEA, existe toda uma estratégia para diminuir a dependência do petróleo. “A produção de etanol não somente diminuiria a importação do combustível fóssil, como também melhoraria a balança comercial destes países. Isto porque há uma série de recursos financeiros que deixariam de ser destinados à compra de petróleo e sim ao desenvolvimento da indústria de biocombustíveis, além de outros programas sociais e ambientais,” ressalta.
Para o diretor executivo da UNICA, Eduardo Leão de Sousa, que recebeu a delegação, o apoio da OEA à produção de etanol nestes países é bastante positivo. “El Salvador, Guatemala e República Dominicana, bem como outros países da América Central e Caribe, se implantassem um programa doméstico de etanol reduziriam a dependência de petróleo importado e melhorariam a balança comercial. Discutimos diversas formas de políticas públicas para incentivar esses programas, desde a obrigatoriedade da mistura do etanol à gasolina, até o apoio ao desenvolvimento de infraestrutura de distribuição e incentivo à pesquisa e desenvolvimento para os setores agrícola e indústria”.
Para Eduardo Sousa, a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa também deve ser considerado já que é “notório o aspecto ambiental é de grande importância para a OEA e os países desenvolvidos”.
Mistura na gasolina
Guatemala e El Salvador, produtores de etanol, não têm mistura obrigatória no combustível utilizado. Já na República Dominicana, que ainda não produz o combustível renovável, há uma lei de energias renováveis em andamento que determina a mistura obrigatória que aguarda resolução presidencial.
“É interessante a mistura de realidades que se dá entre um país e outro na região, mas acredito que o modelo brasileiro é o mais próximo da nossa realidade latino-americana e caribenha,” concluiu Burgos.