O Brasil deveria ser uma espécie de vitrine do que há de melhor em tecnologias limpas e energias renováveis. Assim se manifestou o ex-governador do estado da Califórnia e astro de Hollywood, Arnold Schwarzenegger, ao destacar o sucesso brasileiro com sua matriz energética limpa e a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar. Para ele, a cidade de Manaus tem “vocação natural” para ser essa grande vitrine.
Um dos principais convidados do 2º Fórum Internacional de Sustentabilidade, que acontece na capital amazonense até este sábado, Schwarzenegger exaltou em sua palestra ontem (24/3) a matriz energética brasileira, uma das mais limpas do mundo, citando avanços do país no uso de combustíveis renováveis e do carro flex. “Eu quero comprar esse etanol de cana de vocês porque é muito melhor do que o de milho que é produzido nos Estados Unidos,” disse o ex-governador, completando que o governo americano “não deixa” porque subsidia o etanol de milho e impõe pesada tarifa sobre o etanol importado.
“Não cabe ao estado escolher ganhadores e rejeitar supostos perdedores nessa questão de sustentabilidade e das mudanças climáticas. A obrigação do estado é criar condições para que haja concorrência e prevaleçam as melhores tecnologias, que é o que tem acontecido na Califórnia,” frisou o ex-governador.
Para o presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Marcos Jank, que está participando do evento em Manaus, o posicionamento de Schwarzenegger exemplifica a percepção cada vez mais enraizada entre formadores de opinião e a sociedade em geral nos Estados Unidos sobre o etanol brasileiro. “Cada vez há menos sustentação para a situação que existe hoje, em que os Estados Unidos aplicam uma tarifa elevada e tiram a competitividade do produto brasileiro naquele mercado,” afirmou.
Ovacionado seguidamente pela plateia, Schwarzenegger não poupou elogios ao setor sucroenergético brasileiro e ao sucesso do país na substituição de combustíveis fósseis por uma opção limpa e renovável, referindo-se ao etanol de cana como “um exemplo que temos que seguir.” Para ele, o Brasil tem nas mãos uma “oportunidade histórica” para erradicar o uso dos carburantes que mais contaminam o planeta.
Para Jank, não surpreende que Schwarzenegger esteja tão a par das realizações brasileiras na área dos combustíveis limpos: “É preciso lembrar que foi durante a gestão dele na California que o governo do estado, conhecido mundialmente por suas posições arrojadas nas questões ambientais, reconheceu o etanol brasileiro por sua capacidade de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa e autorizou seu uso no estado, enquanto o etanol americano, produzido a partir do milho, não conseguiu essa aprovação.”
No final da palestra, Schwarzenegger recebeu da plateia mais de quinze perguntas sobre o mesmo tema, de participantes como a cantora Daniela Mercury e a atriz Bruna Lombardi entre outros: quando vai cair a tarifa americana sobre o etanol importado? Na resposta, ele chamou de “absurda” o que descreveu como dupla-taxação sobre o consumidor americano e ponderou: o governo concede um subsídio de US$0,45 por galão e o etanol importado é taxado em US$0,54 por galão, portanto o contribuinte americano paga US$1 por galão “para proteger uma indústria ineficiente.”
“Tenho muita esperança que essa proteção caia e que nós possamos comprar nos Estados Unidos o etanol de cana de vocês,” concluiu Schwarzenegger.