O acordo vinculante para a criação de uma joint venture entre a Cosan e a Shell, anunciado nesta quarta-feira (25/08), é mais um importante passo dentro do processo de consolidação que vem ocorrendo no setor sucroenergético no Brasil. Segundo Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), a união destas duas gigantes representa um novo paradigma para este setor.
“O setor ganha em escala e logística com um modelo de negócio completo, que envolve produção de açúcar, etanol, cogeração de energia e distribuição e comercialização de combustíveis no Brasil, com grande potencial para ampliar a penetração do etanol brasileiro no mundo por meio de uma das maiores redes de distribuição de combustíveis do planeta,” destaca Jank.
A proposta final para a joint venture ainda precisa ser aprovada pelos órgãos regulatórios. Avaliada em US$ 12 bilhões, a união Shell-Cosan terá uma capacidade de produção anual de dois bilhões de litros de etanol.
Etanol de 2ª geração e bioeletricidade
O comunicado oficial divulgado pelas duas empresas, cita detalhes sobre a inclusão no negócio com a Cosan da participação acionária da Shell nas empresas Iogen Energy e Codexis. O texto afirma que isto “pode habilitar a nova empresa a lançar, no futuro, biocombustíveis de segunda geração. Além disto, a empresa também irá gerar eletricidade a partir de bagaço de cana em todas as plantas, dos quais dez já estão em operação”.
Ainda de acordo com informações divulgadas, o volume total anual de vendas do novo grupo será de cerca de 18 bilhões de litros de combustíveis, com uma rede de varejo no País de 4.500 postos revendedores, combinando os postos da própria Shell e os da Esso, adquiridos pela Cosan em 2008.
Negócios complementares
“A joint venture proposta entre Shell e Cosan vai integrar negócios que são complementares, fortalecer nossas perspectivas de crescimento na produção de etanol globalmente e apoiar nossa plataforma de crescimento dos negócios de varejo e comercial no Brasil”, disse Mark Williams, diretor mundial de Downstream da Shell. “Ao longo dos próximos 20 anos, os biocombustíveis sustentáveis serão uma das soluções comerciais mais realistas para reduzir as emissões de CO2 do setor de transportes”, acrescentou.
“Este é um marco importante do nosso esforço para criar uma das mais competitivas companhias de biocombustíveis sustentáveis do mundo, ainda que haja um intenso trabalho de integração a ser feito antes do lançamento dessa nova organização”, disse Rubens Ometto Silveira Mello, presidente do Conselho de Administração da Cosan e presidente eleito do Conselho de Administração da joint venture proposta.