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Parque bioenergético robusto aliviaria conta de luz, diz estudo

11 de setembro de 2017

Em tempos de seca, quando os níveis dos reservatórios hidroelétricos estão baixos e o governo é obrigado a acionar usinas termoelétricas movidas a combustível fóssil, poluentes e caros, para atender a demanda por energia elétrica no País, o maior uso de fontes alternativas traria maior segurança energética e, de quebra, uma economia no bolso do consumidor brasileiro.
Nos pior dos cenários, quando a Bandeira Tarifária é vermelha e atinge o patamar 2, este desconto poderá ser de até R$ 0,035 por quilowatt-hora (KWh), ou seja, uma conta de luz no valor de R$ 100,00 passaria, com o abatimento, a custar R$ 93,34, computando a tarifa básica de energia, encargos de transmissão, PIS, COFINS e ICMS.

“Em épocas de estiagem, se tivéssemos um parque bioelétrico mais robusto, nós estaríamos provavelmente em bandeira amarela ou até mesmo verde, com mais frequência”, avalia Geraldo José Ferraresi, autor da conta e de uma pesquisa na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (Fearp), da Universidade de São Paulo (USP), que identificou no biogás de vinhaça, subproduto da fabricação do etanol, um potencial para cumprir este papel.

Geraldo enfatiza que do ponto de vista técnico é possível utilizar o biogás de vinhaça como fonte complementar à geração hídrica. O maior entrave, de acordo com o especialista, reside na falta de políticas públicas e econômicas favoráveis que atraiam investimentos para a expansão desta e de outras energias sustentáveis na matriz elétrica nacional.

O consultor Ambiental e de Recursos Hídricos da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), André Elia Neto, vislumbra um horizonte promissor com o surgimento de novas tecnologias para a vinhaça.

“O Brasil pode e deve estimular o maior emprego das energias renováveis em sua matriz elétrica. Resíduos agrícolas abundantes em nosso país, como o bagaço e a palha da cana, podem expandir ainda mais a presença na matriz elétrica nacional. Em relação à vinhaça, não só estamos reutilizando mais eficientemente um fertilizante orgânico em substituição ao mineral, como temos um potencial na produção de bioeletricidade de cerca de 1% da matriz elétrica brasileira, ou mesmo um grande potencial de produção de biometano, aumentando mais ainda a contribuição do setor canavieiro para a redução das emissões de gases de efeito estufa”, avalia o executivo.

Em média, calcula-se que para cada litro de etanol fabricado são gerados até 12 litros de vinhaça. Uma estimativa conservadora aponta que o potencial atual de produção de bioeletricidade a partir da vinhaça é da ordem de 6.000 GWh por safra, o que daria para atender quase 3 milhões de residências durante um ano inteiro.

Para acessar a pesquisa da Fearp/USP na íntegra, clique aqui.