fbpx

Perspectivas para o etanol na UE são destaque em Amsterdã

26 de novembro de 2010

O mercado de etanol combustível na União Européia deve atingir pelo menos 14 bilhões de litros anuais até 2020, com metade desse total sendo atendido por produção doméstica, o que aponta para perspectivas positivas para as exportações de etanol brasileiro para a UE. A análise foi apresentada pelo representante-chefe da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA) para a União Européia, Emmanuel Desplechin, durante o 5º encontro anual de biocombustíveis organizado pela World Refining Association (WRA) de 9 a 12 de novembro em Amsterdã, na Holanda.

A Diretiva Européia sobre Energias Renováveis (RED), que estabelece meta obrigatória de 10% de substituição dos combustíveis fósseis por renováveis no setor de transporte até 2020, também determinou que os Estados Membros da UE entregassem seus planos de ação nacional para as energias renováveis (NREAP na sigla em inglês) até junho de 2010, para demonstrar como pretendem atingir suas metas. Bélgica, Estonia, Hungria e Polônia ainda não entregaram seus planos, o que levou a UE a deflagrar um procedimento de infração contra esses países.

Os 23 Planos de Ação (NREAPs) já submetidos indicam que os biocombustíveis serão reponsáveis por quase toda a meta de 10%, devido ao estágio ainda pouco avançado da indústria de veículos elétricos e híbridos na Europa. Os dados também indicam que o etanol pode representar até 25% do mercado de biocombustíveis na UE, onde predomina o uso do biodiesel.

“Os planos de ação nacionais nos dizem que o consumo de etanol na UE irá crescer de 4.7 bilhões de litros em 2010 para 12.2 bilhões de litros na próxima década. Até 2020, os países da UE planejam produzir domesticamente 6 bilhões de litros por ano, deixando 6.2 bilhões de litros para serem adquiridos de outros países da UE ou importados de outros países, como o Brasil,” explicou Desplechin durante apresentação sobre as perspectivas para a indústria brasileira de cana açúcar no mercado europeu.

Para que os biocombustíveis façam parte do cálculo na meta de 10% estabelecida pela Diretiva Européia, eles precisam respeitar critérios de sustentabilidade que, como explicado por Desplechin, já estão integrados as práticas de produção brasileiras. “Ao longo de 35 anos de experiência, a indústria de cana-de-açúcar desenvolveu e integrou questões de sustentabilidade em suas práticas operacionais.”

Desplechin explicou que “a meta agora é comprovar o cumprimento dos critérios de sustentabilidade da EU, que estabelecem restrições ao uso da terra e reduções de gases causadores do efeito estufa,” ao detalhar o envolvimento da UNICA com o Better Sugarcane Initiative (BSI). Trata-se de uma parceria, sediada em Londres, que inclui produtores, comercializadores, usuários finais e organizações não governamentais de alguma forma ligadas ou envolvidas com a produção de cana.

O BSI estabelece critérios transparentes e verificáveis para a produção sustentável de cana e de seus derivados. O foco principal do grupo é aperfeiçoar continuamente temas sociais, ambientais e econômicos que incluem produtividade do solo, uso racional da água, gestão de águas residuais, proteção à biodiversidade e condições de trabalho.

O padrão de produção proposto pelo BSI foi publicado no final de julho de 2010 e já formalmente submetido para reconhecimento pela União Europeia. O objetivo conseguir a aprovação do padrão do BSI junto aos critérios de sustentabilidade da UE, o que o tornará válido perante todos os 27 países-membros.

A participação da UNICA no evento da WRA em Amsterdã ocorreu dentro do escopo do projeto Apex-Brasil/UNICA, iniciado em janeiro de 2008 e renovado em setembro de 2010. Trata-se de uma parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O objetivo do projeto Apex-Brasil/UNICA é promover a imagem do etanol brasileiro de cana-de-açúcar como energia limpa e renovável ao redor do mundo.