Importantes multinacionais ligadas ao petróleo, como British Petroleum (BP) e Shell, revelaram planos de manter e ampliar investimentos na indústria brasileira de etanol produzido a partir da cana-de-açúcar. As informações foram divulgadas durante a conferência World Ethanol, organizada pela consultoria F.O. Licht’s de 2 a 5 de novembro em Genebra, na Suíça.
“A BP Biocombustíveis pretende ampliar sua presença no mercado brasileiro em função do grande potencial da cana-de-açúcar para produzir materiais e fontes energéticas competitivas,” afirmou o chefe de estratégia da multinacional, James Primrose. Segundo ele, o etanol de cana é uma das mais poderosas matérias primas para combustíveis alternativos disponível em escala comercial.
Em outra apresentação, sobre as oportunidades econômicas e comerciais do etanol de cana, o representante-chefe da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) para a União Européia, Emmanuel Desplechin, avaliou o biocombustível brasileiro como o mais sustentável entre as opções disponíveis, graças à significativa contribuição ambiental na redução de emissões de carbono e à competitividade da indústria. O etanol reduz em até 90% as emissões de gases de efeito estufa quando comparado à gasolina.
Eficiência
“A experiência brasileira demonstra que o etanol se tornou uma das respostas mais eficientes para a crescente necessidade de expansão de energias renováveis de forma sustentável, para aumentar a segurança energética no setor de transportes, ao mesmo tempo em que reduz o impacto ambiental,” afirmou Desplechin. O executivo também discutiu a movimentação dos últimos meses envolvendo fusões e aquisições na indústria de cana-de-açúcar brasileira. Para ele, o interesse que tem levado a essas transações é um reconhecimento dos benefícios e do potencial do etanol de cana.
Em relação à legislação ambiental da União Européia (UE), Desplechin questionou as tentativas dos legisladores europeus de gerenciar os chamados Efeitos Indiretos do Uso da Terra (Indirect Land Use Change, ou ILUC na sigla em inglês). Após recente consulta pública organizada pela Comissão Européia sobre o ILUC, o representante da UNICA recomendou a revisão do trabalho de modelagem, para assegurar o rigor cientifico dos cálculos de mudanças de uso da terra. “Qualquer política pública baseada em resultados tão contestáveis poderia ser facilmente questionada na Organização Mundial do Comércio (OMC),” concluiu.
Apex-Brasil
A participação da UNICA no evento ocorreu dentro do escopo do projeto Apex-Brasil/UNICA, iniciado em janeiro de 2008 e renovado em setembro de 2010. Trata-se de uma parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O objetivo do projeto Apex-Brasil/UNICA é promover a imagem do etanol brasileiro de cana-de-açúcar como energia limpa e renovável ao redor do mundo.