A ausência de uma política pública eficaz e de longo prazo para a bioeletricidade dificulta a comercialização e compromete o avanço da energia elétrica extraída dos canaviais. O argumento foi defendido pela presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Elizabeth Farina, durante a 3ª edição do “Cana Substantivo Feminino,” evento dedicado às mulheres que atuam no setor sucroenergético realizado em Ribeirão Preto (SP) no dia 13 de março.
Durante o painel “O Cenário Sucroenergético em 2014 – Ano de Eleição,” Farina detalhou a falta de medidas claras como causa de equívocos. Um deles é a participação da bioeletricidade em leilões mistos, que desconsideram os benefícios sociais e ambientais do uso da energia limpa assim como os impactos negativos de outras modalidades de geração de energia.
“Enquanto ela tem um balanço neutro, parte das outras fontes que competem com a bioeletricidade joga mais de uma tonelada de CO2 na atmosfera por MWH produzido. Mas o modelo de precificação não faz nenhuma distinção. A energia canavieira poderia contribuir muito mais se os leilões não fossem tão genéricos, viabilizando o uso no setor regulado,” afirmou a presidente da UNICA.
Segundo Farina, até 2020 o Brasil precisará acrescentar ao sistema elétrico o equivalente a quase sete usinas do porte de Belo Monte, e a falta de ação pública deve complicar essa necessidade. “O País não pode abrir mão de uma fonte limpa, renovável e disponível, que vem do campo e pode responder por quase metade dessa demanda,” defendeu.
A perda de competividade que o etanol enfrenta, bem como a falta de incentivos públicos, também foram focos da argumentação da presidente da UNICA. “Há tempos a indústria da cana solicita atenção governamental, e a cada ação incerta, mais desacreditada de uma possível retomada no crescimento, a indústria canavieira fica,” explicou Farina. “Considerando a importância da atividade sucroenergética para a economia do País, esperamos que as necessidades da indústria sejam consideradas pelo próximo governo,” finalizou otimista.
Importantes lideranças participaram do evento em Ribeirão PretoPromovido pela Paiva e Baldin Eventos, o encontro contou com a participação de importantes personalidades do agronegócio, como o presidente do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise BR), Antonio Eduardo Tonielo Filho; o presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg), e do Fórum Nacional Sucroenergético, André Rocha; o presidente executivo da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), Antonio Cesar Salibe; a Secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi; e o vice-presidente de açúcar, etanol e energia da Raízen e conselheiro da UNICA, Pedro Mizutani.
Cerca de 250 mulheres participaram do evento, que foi encerrado com uma homenagem às participantes pelo executivo da Raizen, Pedro Mizutani, que cantou “Como é grande o meu amor por você,” grande sucesso na voz de Roberto Carlos.