fbpx

Produção de etanol e açúcar será menor na quinzena devido à chuva

24 de setembro de 2009

 

O excesso de chuva no mês de setembro tem prejudicado os produtores de cana-de-açúcar  na região Centro-Sul do País e afetado a projeção para a safra 2009/10.  Em setembro, período tradicionalmente  mais favorável à colheita, observa-se um índice pulviométrico muito acima da média histórica, o que tem desencadeado um tempo de moagem menor. Na safra atual já foram perdidos 11 dias efetivos de moagem adicionais ao verificado na safra 2008/2009. Até o final deste mês, estima-se uma perda de 45 dias de moagem, contra 34 no mesmo período ano passado. Esta perda, aliás, vem se acelerando desde junho.

O total de cana processada na primeira quinzena de setembro foi de 29,59 milhões de toneladas, inferior ao da mesma quinzena um ano atrás em 13,06%. A quantidade de produtos obtidos por tonelada de cana (Açúcar Total Recuperado, ou ATR) ficou em 139,48 quilos, 11,30% inferior ao índice para a primeira quinzena de setembro da safra passada, que foi de 157,25 quilos. Somando-se a redução no volume de cana moida com a queda na obtenção de produtos por tonelada de cana processada, a produção na quinzena ficou 22,88% abaixo da verificada na safra anterior.

A moagem acumulada do início da safra até 15 de setembro atingiu 347,62 milhões de toneladas, 9,72% acima do total para o mesmo período da safra passada. Contudo, a qualidade da matéria-prima manteve-se 4,66% menor que a da safra anterior, totalizando 131,66 kg de ATR/t cana desde o início de abril, contra 138,09 do ano passado. O aumento da moagem e a queda na quantidade de produtos por tonelada de cana fez com que a quantidade total ATR disponível para a produção de açúcar e etanol crescesse apenas 4,6% em relação ao mesmo período da safra anterior.

A produção de açúcar na primeira quinzena de setembro foi de 1,78 milhões de toneladas na Região Centro-Sul, inferior em 17,25% ao verificado na mesma quinzena da safra anterior. Mas a produção acumulada desde o início da safra atingiu 19,01 milhões de toneladas, 12,02% superior aos 16,97 milhões obtidos no mesmo período um ano atrás. No acumulado, 43,59% do total de cana processada foi destinada à produção de açúcar, ficando 56,41% para a produção de etanol, cuja produção na quinzena atingiu 1,32 bilhão de litros, queda de 26,84% comparado com a mesma quinzena da safra pasada. Desde o início da safra, a produção de etanol alcançou o volume de 15,1 bilhões de litros, praticamente igual à produção do mesmo período da safra anterior.

Das 23 novas unidades com início de moagem previsto para a atual safra, 17 já estarão em atividade até o final de setembro. As restantes tem previsão de início de operações até o encerramento da safra 2009/10.

A produtividade agrícola da cana colhida até o mês de setembro, de 91,4 toneladas por hectare, é superior em 1,7% à observada no mesmo período da safra anterior, devido às condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da planta e a maior proporção de cana bisada (cana não colhida na safra anterior).

As saídas de etanol das usinas do Centro-Sul para o mercado interno totalizaram 1 bilhão de litros na primeira quinzena de setembro, sendo 242 milhões de etanol anidro e 773 milhões de etanol hidratado. No acumulado, as vendas de etanol para o mercado doméstico alcançaram 10,8 bilhões de litros até 15 de setembro, crescimento de 16,8% em relação ao mesmo período da safra anterior. Quando avaliada a movimentação física para cada tipo de etanol, verifica-se uma estabilidade na demanda de etanol anidro (-1,3%) e um crescimento (24,6%) para o etanol hidratado.

As exportações apresentaram, desde o início de abril, uma retração de 27,3% nesta safra em relação aos volumes de 2008/2009. A saída de etanol das usinas do Centro-Sul para o mercado externo totalizou 1,9 bilhão de litros, contra 2,7 bilhões do ano anterior. Essa queda foi alavancada, principalmente, pela retração das exportações de etanol anidro, que até o momento apresentam queda de 66,2%, em função da redução das importações diretas pelos Estados Unidos, que no ano anterior totalizaram quase 850 milhões de litros.

De acordo com dados da Secretaria do Comércio Exterior (SECEX), as exportações de açúcar pelos estados da Região Centro-Sul alcançaram 9,2 milhões de toneladas entre abril e o início de setembro, apresentando um crescimento de 33,2% em relação ao mesmo período da safra anterior. Parte do volume de exportação refere-se aos estoques de passagem da safra 2008/09. Em termos de valor, esse crescimento foi de 53,9%, refletindo o aumento dos preços internacionais do produto. Com isso, apenas a exportação de açúcar contribuiu com US$ 1,0 bilhão adicional ao valor observado no mesmo período da safra anterior, que foi de US$ 2,92 bilhões.

Portanto, o que se verifica até o momento é uma produção aquém do esperado, devido à  baixa obtenção de produtos por tonelada de cana esmagada em função da alta incidência de chuvas, maior venda de produtos nessa safra para atendimento do mercado da Região Nordeste, atraso no inicio de operação das novas unidades produtoras e um aumento de demanda provocada pelos baixos preços do etanol desde o inicio da safra.

Projeção revisada para a safra 2009/10

A expectativa revisada de moagem de cana esperada para a Região Centro-Sul do país é de 529,5 milhões de toneladas, 3,7% inferior à expectativa inicial e 4,9% superior à moagem verificada na safra anterior. A previsão é que a quantidade de cana moída a partir da segunda quinzena de setembro até o final da safra seja praticamente a mesma verificada na safra anterior nesse período. As previsões meteorológicas indicam maior precipitação pluviométrica do que a verificada nos anos anteriores, o que não permite projeções de moagem maior até meados de dezembro de 2009.

A nova projeção de moagem indica uma disponibilidade de cana não esmagada superior a 50 milhões de toneladas no final da safra. Esse total equivale a uma quantidade de 6,5 milhões de toneladas de açúcares totais, que poderiam ser transformados em açúcar ou etanol. Dado o mix atual das usinas, esse volume equivale a mais de 2,5 milhões de toneladas de açúcar e mais de 2 bilhões de litros de etanol. Havendo condições favoráveis para a colheita, é possível que as unidades processem cana em plena entressafra ou antecipem o início da moagem, a exemplo do que ocorreu na última safra.

Com a nova projeção, a produção de açúcar esperada para a safra 2009/10 é de 29,35 milhões de toneladas, 5,9% inferior à expectativa inicial e superior em 9,7% à produção da safra anterior. Para o etanol, a expectativa é de uma produção de 23,75 bilhões de litros, 5,4% inferior ao produzido na safra anterior e 9,6% inferior à expectativa inicial para a atual safra. A redução nas exportações de etanol nesta safra, projetada para ficar 1,45 bilhão de litros aquém das exportações na safra anterior, contribuirão para que a oferta de etanol para o mercado interno permaneça a mesma da safra anterior, neutralizando portanto a queda na produção.

A quantidade de cana a ser esmagada até o final da atual safra é de 182 milhões de toneladas. Mantido o mix de proporção de cana direcionada para etanol, a produção até o final desta safra deverá atingir 8,65 bilhões de litros. Parte desse total será de etanol anidro, o que garante o nível atual de mistura na gasolina, de 25%. A expectativa é que a oferta e demanda de etanol hidratado no mercado doméstico sejam regulados pelos preços vigentes no mercado, considerando-se que a frota brasileira de veículos flex já representa mais de 36% do total de veículos do Ciclo Otto rodando no país.

Para acessar os dados da safra, clique aqui.