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Projeto AGORA: biocombustíveis são tema de debate na Assembléia

18 de novembro de 2009

Durante a realização nesta quarta-feira (18/11) do seminário “O Setor Sucroenergético e a Assembléia Legislativa de São Paulo: construindo uma agenda positiva”, serão apresentados seis estudos demonstrando a importância dos biocombustíveis para a economia, saúde pública e a preservação do meio ambiente.

Os trabalhos foram realizados por reconhecidos pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O seminário, organizado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), faz parte do Projeto AGORA, iniciativa de comunicação institucional da cadeia produtiva sucroenergética, cujo objetivo é transmitir à sociedade os benefícios das energias renováveis.

O Projeto AGORA programou uma série de eventos dirigidos às questões dos principais estados produtores e consumidores de biocombustíveis do País. Seminários semelhantes já foram realizados em Brasília (DF) e em Curitiba (PR). O AGORA reúne entidades e empresas da cadeia produtiva da cana-de-açúcar como a UNICA, as organizações Orplana e Fórum Nacional Sucroenergético, os principais sindicatos da região centro-sul do Brasil, além das empresas Itaú-Unibanco, Monsanto, Basf, Dedini e SEW Eurodrive.

Um dos estudos que serão apresentados refere-se à geração de empregos, no qual uma simulação mostra que a substituição de gasolina por etanol criaria milhares de postos de trabalho no Brasil, de acordo com pesquisa da professora Márcia Azanha, da Esalq. Em uma proporção de 15% a mais de uso de etanol, seriam gerados 117.701 novos postos de trabalho, além de comprovar que o setor sucroenergético tem maior capilaridade do que o petrolífero, contribuindo para a descentralização regional da renda.

Outro trabalho revela que os benefícios dos biocombustíveis estendem-se à saúde pública, já que, com a substituição dos derivados de petróleo por etanol na região metropolitana de São Paulo, o nível mais baixo de poluição resultante da troca evitaria 12 mil internações hospitalares e 875 mortes por ano. O estudo, que será apresentado pelo médico patologista Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da USP e coordenador do Instituto de Análise Integrada de Risco Ambiental na mesma universidade, projeta para esse mesmo cenário uma redução de US$ 190 milhões nos gastos com problemas de saúde.

Matriz Energética

O Brasil já obtém vantagens a partir de sua matriz energética, com 46% de fontes renováveis de energia, enquanto em outros países esse índice não ultrapassa 15%. Entre 1996 e 2006, o uso do etanol como combustível permitiu a redução em 10% das emissões de gases de efeito estufa no País. Estima-se que desde 2005, quando foi estabelecido o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) da ONU, o etanol brasileiro evitou emissão equivalente a cerca de 60% de todos os créditos de carbono gerados no planeta. Esse é um dos dados que será apresentado pelo professor Isaías Macedo, pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE), da Unicamp.

A vantagem do etanol em comparação aos combustíveis fósseis é reforçada em outro estudo, realizado pelo professor Francisco Nigro, professor da Escola Politécnica da USP. Ele conclui que dos combustíveis alternativos o etanol é o mais viável para substituir os derivados de petróleo, em parte por aproveitar a infraestrutura de transporte, estocagem e distribuição da gasolina e do diesel. A pesquisa traz um dado importante ao indicar que os motores flex incorporados aos veículos podem ser aperfeiçoados, para se conseguir performances ainda melhores.

Mapeamento setor

O professor Marcos Neves, do Departamento de Economia, Administração e Ciências Contábeis da USP, apresenta em sua palestra o mapeamento e qualificação do setor sucroenergético brasileiro, que definiu o faturamento do setor: US$ 28,15 bilhões, equivalente a quase 2% do PIB do Brasil. A movimentação financeira da cadeia produtiva da cana-de-açúcar equivale a US$ 86,8 bilhões.

No encerramento do seminário, o professor Nivalde José de Castro, coordenador do Núcleo de Computação e do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ, fala sobre a importância da bioeletricidade no setor elétrico brasileiro. A pesquisa mostra que a biomassa da cana-de-açúcar é a fonte de energia sazonalmente complementar à energia gerada nas hidrelétricas, e esse aspecto não é devidamente levado em conta nos leilões de energia, favorecendo as termoelétricas, cuja energia é mais cara.