A busca por alternativas mais sustentáveis, que diminuam a dependência por petróleo, está levando empresas do setor químico nos Estados Unidos e no Brasil a acelerar a produção a partir do milho e da cana-de-açúcar do butanol renovável, ou biobutanol, para uso como solvente e biocombustível. As iniciativas mais recentes envolvem a Rhodia e a Butamax, joint-venture que reúne a multinacional britânica BP e a americana DuPont. Nas últimas semanas, ambas anunciaram a instalação de centros de pesquisa no interior de São Paulo e a construção de fábricas para a produção industrial do biobutanol nos dois países.
Segundo o consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, o biobutanol deverá atingir sua maturidade comercial nos próximos três anos, principalmente com o início da fabricação em larga escala a partir de 2013. “A arrancada da produção terá início em 2013, quando uma fábrica adquirida pela Butamax no estado americano de Minnesota, e que atualmente produz 208 milhões de litros de etanol de milho, estará convertida para fabricar o biobutanol. No Brasil, a Butamax, já estuda o uso da cana em seu laboratório na cidade de Paulínia no interior paulista,” explica.
Outra companhia que demonstra apetite pelo mercado de biobutanol, especialmente no Brasil, é a Rodhia, multinacional controlada pela belga Solvay. Em 2013, a empresa pretende inaugurar em parceria com a Cobalt, especializada em tecnologias para geração de produtos químicos, uma pequena unidade de demonstração utilizando o bagaço de cana como matéria-prima. O projeto será instalado em uma usina de processamento de cana-de-açúcar do estado de São Paulo, ainda não identificada. Os resultados serão observados até 2015, quando está prevista a construção de uma fábrica com capacidade para produzir até 100 mil toneladas do produto por ano. As duas etapas vão exigir investimentos de cerca de R$ 200 milhões.
Vincent Kamel, presidente da unidade global de negócios da Rhodia, afirma que em três anos, a produção da nova fábrica programada para São Paulo deve atender boa parte da demanda doméstica por butanol, que em 2011 atingiu 50 mil toneladas. “Estimamos que o mercado de butanol dobre nos próximos três anos,” revela.
Na opinião do Szwarc, da UNICA, a vantagem do biobutanol é que além de seu processo produtivo produzir emissões baixas de gases causadores do efeito estufa (GEEs), o produto possui o mesmo desempenho e aplicação do butanol de petróleo. “O biobutanol pode ser convertido em plásticos, fibras, borracha e até em biocombustível. Neste último caso, o butanol renovável tem um poder energético superior ao etanol, já que em sua composição ele tem quatro moléculas de carbono, duas a mais que o biocombustível mais consumido pelos brasileiros atualmente, bem como apresenta diversas propriedades similares aos hidrocarbonetos derivados de petróleo,” conclui.