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Realidade do setor domina encontro de empresários com Lula

11 de fevereiro de 2014

Os desafios que vem sendo enfrentados nos últimos anos pelo setor sucroenergético, ligados principalmente a políticas públicas adotadas pelo governo federal, dominaram um jantar que reuniu mais de 200 lideranças do agronegócio e teve como convidado principal o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira (07/02) em Ribeirão Preto. O tema foi para o topo da agenda após um discurso da presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Elizabeth Farina, aplaudido de pé pelo público presente.

Dirigindo-se a Lula e ao ex-ministro da Saúde e pré-candidato ao governo paulista pelo PT, Alexandre Padilha, Farina abriu o encontro citando uma série de dados concretos que mostram as dificuldades que o setor vem enfrentando em função de medidas governamentais negativas para o setor, ou, em outros casos, a ausência de políticas públicas adequadas. “São 44 usinas fechadas nas últimas cinco safras, com outras 12 usinas que talvez não cheguem a processar cana na safra 2014/2015. Foram perdidos mais de 30 mil postos de trabalho na indústria de cana-de-açúcar e outros 50 mil na indústria de bens de capital fornecedora do setor,” afirmou.

Após concluir que o setor sucroenergético “não sobrevive da forma como está,” Farina foi ovacionada por mais de cinco minutos. O ex-ministro da Agricultura do governo Lula, Roberto Rodrigues, e o recém-empossado presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Junqueira, discursaram na sequência, seguiram a linha de cobranças adotada pela presidente da UNICA e também foram muito aplaudidos. “Só a agricultura pode melhorar a balança comercial brasileira. O governo federal agride o agronegócio,” afirmou Junqueira.

Ao final de sua fala, Farina entregou a Lula e Padilha um documento de duas páginas resumindo a situação do setor com números contundentes, que já vem sendo apresentados ao governo em diversos contatos e reuniões realizadas nos últimos meses. O texto aponta medidas emergenciais, de curto prazo, seguidas de uma série de ações de maior abrangência sugeridas pelo setor para alterar o quadro.

Ficando as coisas como estão, o País “caminha a passos largos para extinguir a mais bem sucedida iniciativa do mundo para a substituição em larga escala de combustíveis fósseis por uma opção limpa e renovável,” disse Farina antes de entregar o texto aos dois convidados. Para baixar a íntegra do documento da UNICA, clique aqui.

Entre os empresários presentes, Luiz Clemente Lunardi declarou que “o governo não precisa ajudar, mas pelo menos não tem que atrapalhar,” enquanto o presidente da Bunge para o Brasil, do Conselho Deliberativo da UNICA e ex-ministro chefe da Casa Civil, Pedro Parente, lembrou que Lula já foi chamado de “Embaixador do Etanol”. Também marcou presença o presidente do Conselho da Raízen, Rubens Ometto Silveira de Mello.

Por sua vez, , disse que a crise é passageira e declarou que “nunca na história um presidente tratou o setor sucroalcooleiro com tanto respeito” como ele. O ex-presidente admitiu que há equívocos que devem ser corrigidos, apesar de não ter especificado quais, e disse que Dilma Rousseff quer fazer mais pelo setor, “mas a burocracia atrapalha”.

Já Padilha afirmou que São Paulo precisa assumir papel de liderança para definir políticas para o agronegócio, inclusive com a defesa da proposta de aumento do percentual do etanol na gasolina. Ele também propôs aumentar investimentos em infraestrutura, com a ampliação do transporte de cargas por hidrovias e ferrovias. “Vamos construir o compromisso de que o governo do PT, no comando de São Paulo, vai assumir uma postura de defesa desse setor,” disse o pré-candidato. “Temos potencial de crescer e de ter ganhos de produtividade”.

O encontro foi promovido pelo empresário Maurílio Biagi, recém filiado ao PR e um dos principais nomes cotados para assumir a vaga de vice na chapa de Padilha.