A decisão da American Farm Bureau Federation (AFBF), de apoiar a alteração do programa federal que concede incentivos fiscais ao etanol de milho, redirecioando esses recursos para investimentos em infra-estrutura de biocombustíveis nos Estados Unidos, é um importante indício de que mudanças são necessárias e esperadas naquele país, avalia a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA). A AFBF, organização não-governamental (ONG) que representa os interesses de entidades rurais americanas, tomou a decisão no início de janeiro, em sua reunião anual realizada na cidade de Atlanta.
“Líderes industriais começam a mudar sua retórica. A votação da Farm Bureau é um claro sinal de que uma alteração é necessária, revela que a indústria pode prosperar mesmo sem o subsídio de US$ 0,45 por galão (3,78 litros),” afirma Leticia Phillips, que atua como relações governamentais e institucionais da UNICA para a América do Norte, no escritório da associação em Washington.
A vez do consumidor
Em outubro de 2010, grupos de pressão favoráveis ao etanol – como a Coalisão Americana pelo Etanol (American Coalition for Ethanol), Associaçào dos Combustíveis Renováveis (Renewable Fuels Association – RFA), Growth Energy e a Associação Nacional dos Plantadores de Milho (National Corn Growers Association) – apoiaram uma proposta semelhante, na qual converte-se o crédito fiscal em um programa para melhorar a infra-estrutura dos biocombustiveis. O resultado geraria investimentos na instalação de bombas que permitem misturar etanol à gasolina em percentuais variáveis. No entanto, dois meses após a proposta, em meados de dezembro, o Congresso americano aprovou a extensão de um pacote de medidas fiscais, incluindo a prorrogação até o final de 2011 do subsídio de US$ 0,45 por galão de etanol doméstico misturado à gasolina, assim como da tarifa de US$ 0,54 por galão de etanol importado.
“Assim como a Growth Energy detalhou em seu plano (Fueling Freedom Plan), investimentos em infra-estrutura significam abrir o mercado e colocar o poder de escolha nas mãos do consumidor,” explica Chris Thorne, porta-voz de uma das entidades que representam produtores de etanol dos EUA, a Growth Energy. “Estamos satisfeitos em ver que a AFBF caminha para a mesma direção,” complementa.
Leticia Phillips enfatiza que “é saudável ouvir que a indústria de etanol dos EUA compartilha dos mesmos objetivos de se abrir o mercado e dar liberdade de escolha ao consumidor”. Segundo ela, “remover a tarifa ao etanol importado seria o próximo passo para melhorar o acesso ao biocombustível mais limpo e economicamente vantajoso para os motoristas americanos,” conclui.