A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) avalia que uma eventual redução na mistura do etanol anidro à gasolina no Brasil traria efeitos danosos ao meio ambiente e à saúde pública. Segundo um especialista, pode-se estimar que só na cidade de São Paulo, o custo adicional para o Sistema Único de Saúde (SUS) em função do aumento na incidência de problemas respiratórios e de outros tipos chegaria à casa dos US$ 2 milhões por ano.
A possibilidade de redução da mistura de etanol anidro à gasolina vem sendo cogitada por diferentes setores do governo. Diferentes relatos na mídia, nem sempre com a fonte claramente identificada, sugerem que o governo examina a hipótese de adotar uma mistura inferior à atual, que hoje é de 20% a 25%.
Para Paulo Saldiva, professor titular do Depto. de Patologia da Faculdade de Medicina e coordenador do Instituto Nacional de Análise Integrada de Risco Ambiental da Universidade de São Paulo (USP), “se houver uma redução de cinco pontos percentuais na mistura, durante um ano pagaremos cerca de US$ 2 milhões, que é o equivalente ao custo do SUS a 400 internações estimadas a mais na rede pública em razão de doenças respiratórias e cardiovasculares na cidade de São Paulo”.
O professor da USP e outros pesquisadores de renome publicaram em junho de 2010 um trabalho que compôs o livro “Etanol e Bioeletricidade – A cana-de-açúcar no futuro da matriz energética”, que trata especificamente sobre o tema nas páginas 126 e 127.
Para Alfred Szwarc, consultor de emissões e tecnologia da UNICA, a redução da mistura para níveis abaixo do que foram previstos originalmente traria alguns efeitos. “Vamos lembrar que os veículos flex brasileiros foram projetados para atuar com uma mistura entre 20 a 25% de etanol anidro misturado à gasolina. Uma redução da mistura abaixo deste piso de 20%, limite técnico, poderia trazer alguns efeitos indesejados para o meio ambiente com o aumento das emissões e do consumo”.
O diretor técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, explica que o setor sucroenergético se preparou para garantir a mistura de 25% durante toda a safra 2011/2012. “Há condições para se atender este nível de mistura, as destilarias das usinas trabalham para produção do etanol anidro e nossa expectativa é bastante positiva neste sentido,” afirma o diretor.