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Safra 2011/2012: bioeletricidade foi principal fonte termoelétrica

6 de março de 2012

bioeletricidade representou 31% de toda a geração termelétrica do Brasil no período de maio a setembro de 2011, época coincidente com a safra da cana-de-açúcar na Região Centro-Sul e também o período mais crítica para o sistema elétrico nacional, prejudicado pela escassez de chuvas. É o que aponta o relatório InfoMercado, divulgado em fevereiro pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), ligada à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Na opinião do gerente em Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Zilmar de Souza, a eletricidade gerada a partir da biomassa, sobretudo através da queima de bagaço e palha de cana, mostra a importância desta fonte para se garantir segurança e sustentabilidade para a matriz elétrica nacional. “Se não houvesse essa geração da bioeletricidade nestes meses de seca, imagine o quanto o consumidor brasileiro estaria pagando a mais por térmicas de fontes não renováveis para garantir o suprimento no período seco? Precisaríamos usar mais gás natural e carvão mineral em vez de bioeletricidade, o que resultaria em maiores níveis de emissões de gases de efeito estufa (GEEs),” avalia Souza.

Segundo o documento veiculado pelo CCEE, depois da bioeletricidade, o tipo de termelétrica mais utilizada no Brasil foi a fonte nuclear, com 26% do total gerado por empreendimentos termoelétricos. Em seguida aparecem o gás natural, com 25%, carvão mineral e óleo combustível, que responderam cada um com 5%.

Entre maio e setembro do ano passado, o Brasil precisou de 23.517 GWh de geração termelétrica para atender suas necessidades de consumo. A biomassa forneceu 7.123 GWh nesses cinco meses. Considerando todo o ano de 2011, a bioeletricidade gerou 10.903 GWh, equivalentes a 12% da geração total ofertada pela usina de Itaipu, ou quase 30% do fornecimento anual de energia previsto para Belo Monte a partir de 2019, quando a usina estiver em plena operação.

Segurança energética

Para Zilmar de Souza, um sistema elétrico do porte do brasileiro, com predomínio da fonte hídrica, precisa da termeletricidade, mesmo as de origens não renováveis. No entanto, o desafio, segundo o especialista, será pressionar para que o Governo implante uma política específica que estimule investimentos em termelétricas movidas a energias limpas. “O potencial da eletricidade produzida por meio da palha e do bagaço de cana é de 15,3 mil Megawatts médios (MW/m) até 2020, marca três vezes superior ao volume de energia que será produzido em Belo Monte. Com diretrizes públicas adequadas poderíamos esticar a geração até além dos meses de safra da cana, reforçando ainda mais a confiabilidade dessa fonte. Por que não se pensa, primeiro, em estimular esse potencial renovável antes de se contratar fontes não renováveis, que sujam a matriz de energia elétrica?” observa o gerente da UNICA.

Nos últimos leilões de energia, a bioeletricidade tem concorrido com o gás natural e outras fontes que não são comparáveis por terem características específicas e benefícios diferenciados para a sociedade. No próximo leilão, programado para março, a bioeletricidade cadastrou 23 projetos, totalizando 1.042 MW de energia ofertada. Já o gás natural registrou 26 projetos somando 10.344 MW, quase dez vezes a oferta da bioeletricidade. Para a UNICA, o formato atual de contrato nos leilões deveria ser aprimorado, devendo-se realizá-lo por fonte ou regionalizá-los, “observando efetivamente os custos e benefícios que cada fonte agrega à matriz elétrica nacional, principalmente em termos dos critérios de sustentabilidade ambiental,” ressalta o consultor da UNICA.

Segundo estudo da União Europeia (UE), para cada MW/h gerado por meio do gás natural são lançados até 440 quilos de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. O carvão mineral emite 800 kg de CO2/MWh e óleo responde por 550 kg de CO2/MWh. No caso da biomassa, as emissões não são consideradas por ela ser uma fonte energia renovável, ou seja, todo o CO2 gerado pela queima do bagaço e da palha durante o processo de cogeração de energia é capturado pela cana durante o seu período de maturação.