O secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Ed Schafer, reafirmou sua posição de que o país deveria acabar com a tarifa sobre a importação de etanol. Shafer ponderou que a retirada deve ocorrer de forma gradual, para que a indústria local tenha tempo de se ajustar. O Congresso prolongou recentemente a taxa de US$ 0,54 por galão (US$ 0,14 por litro) de etanol sobre as importações do país, apesar da preferência da Casa Branca pela queda da barreira.
Para o representante-chefe da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA) em Washington, Joel Velasco, a opinião do secretário Schafer é mais uma entre inúmeras que tem sido constatadas nas últimas semanas, de diversos setores, tanto do executivo e legislativo como do setor privado americano. “É crescente a visão de que a tarifa imposta sobre o etanol importado do Brasil é um obstáculo desnecessário, que prejudica o consumidor americano sem nenhum motivo técnico ou estratégico para isso. A UNICA continuará trabalhando para demonstrar que a melhor forma de reduzir o preço da gasolina e a dependência do petróleo é um mercado competitivo de etanol”.
O comércio internacional de etanol continua pequeno, girando cerca 5 bilhões de litros por ano, devido às restrições impostas principalmente pelos países desenvolvidos. No entanto, segundo levantamento da UNICA, o etanol é o combustível renovável mais produzido e consumido no mundo. Entre 2000 e 2007, a produção mundial mais que dobrou, e deve alcançar 116 bilhões de litros por ano até 2012.
Schafer disse ainda à agência de notícias Reuters que a indústria de etanol dos EUA infelizmente se tornou dependente de tarifas e expedientes como subsídios, que foram criados para vigorar apenas temporariamente. A tarifa sobre a importação de etanol foi implantada em 1980 como uma medida provisória para incentivar a produção de etanol nos Estados Unidos. Em 2007 a demanda no país cresceu mais de 6 bilhões de galões. Em 2008, o subsídio à indústria de etanol dos EUA foi revisto e reduzido de US$ 0,13 para US$ 0,12 por litro.
Por imposição legal, 34,2 bilhões de litros de etanol deverão ser adicionados à gasolina vendida nos Estados Unidos durante este ano, montante que sobe para 57 bilhões de litros em 2015 e 136,8 bilhões de litros em 2022. Como a demanda por milho para produzir etanol acaba pressionando os preços do cereal, o volume de etanol de milho que pode ser usado na mistura se limita a 45,6 bilhões de litros por ano.
O excedente em relação ao obrigatório para atingir as exigências terá que vir de etanol produzido a partir de outras matérias-primas, como a cana-de-açúcar.