Mesmo com uma legislação vigente há mais de três anos, a falta de políticas públicas dificulta a incursão do México na produção de etanol. A experiência brasileira pode servir de exemplo para a implantação de uma indústria sucroenergética naquele país, de acordo com o senador Arturo Hervis Reyes, que participou de visita à sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) na quinta-feira (24/05).
“Temos mais de 600 mil hectares disponíveis para a expansão da indústria da cana, mas a ausência de incentivos governamentais e a rentabilidade maior fizeram os empresários mexicanos optarem apenas pela fabricação de açúcar,” explicou Reyes. “As novas demandas energéticas do país e a preocupação mundial com as emissões de poluentes nos lembraram o grande potencial que temos em nossos canaviais e o quanto estamos desperdiçando,” destacou o parlamentar mexicano.
Acompanhado do senador Jesús Dueñas Llerenas e do cônsul econômico do México em São Paulo, Fernando de La Torre Gorráez, o grupo foi recebido por Eduardo Leão de Sousa, diretor executivo da UNICA e por Luana Maia, coordenadora de Relações Institucionais. Juntos, eles conduziram uma apresentação sobre o setor sucroenergético brasileiro dando ênfase à conjuntura do mercado doméstico, ao desenvolvimento de novos produtos e às práticas sustentáveis adotadas no Brasil para a produção de etanol.
“O México possui condições agroclimáticas propícias para o plantio da cana e mão-de-obra abundante; além disso, o fato de serem vizinhos dos americanos, um dos maiores consumidores mundiais de etanol, dá a eles inegável vantagem competitiva frente a outros países produtores. O interesse dos mexicanos em aumentar a gama de produtos fabricados a partir da cana é mais que justificável,” explica Sousa.
Esta é a terceira vez que membros do governo do México buscam informações sobre as atividades da indústria da cana brasileira nos últimos anos. Em 2009, o presidente mexicano Felipe Calderón, acompanhado por um grupo de 17 integrantes, esteve na sede da UNICA para analisar formas de cooperação e intensificar a produção mexicana de etanol. Em 2011 foi a vez do cônsul geral do México em São Paulo, José Gerardo Traslosheros, que trouxe em sua bagagem muitas perguntas e a perspectiva de investimentos conjuntos entre empresas dos dois países.
Para Sousa, quanto maior a busca de informações sobre o setor, mais perto da internacionalização o etanol fica. “Quanto mais países produzirem etanol e adotarem a mistura obrigatória na gasolina, mais próximos estaremos de transformar o etanol em uma commodity global,” finalizou.