Sistema de reutilização de água da Usina ColoradoApesar de o Brasil possuir água em maior volume do que muitos países – entre 12% e 15% das fontes superficiais (rios e lagos) totais do mundo – o recurso é escasso em termos globais e a demanda tende a aumentar com o crescimento econômico e populacional nos próximos anos. Para Luiz Fernando do Amaral, gerente de Sustentabilidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), neste dia 22 de março, Dia Mundial da Água, é preciso lembrar que para ser sustentável é necessário aperfeiçoar o consumo, algo que o setor sucroenergético brasileiro vem buscando ao longo dos últimos 30 anos.
“A indústria da cana investe há tempos em mecanismos que possibilitam a menor utilização desses recursos nos processos industriais. Na década de 70, a captação média pelo setor caiu dos 15 a 20 metros cúbicos por tonelada de cana processada para a média atual de menos de dois metros cúbicos por tonelada, e ainda vamos melhorar. Apenas entre 2007 e 2009 a captação média foi reduzida em 20%,” explica Amaral. “A cadeia produtiva reutiliza mais de 90% da água usada para a produção de seus produtos” destaca.
Esses dados estão no Relatório de Sustentabilidade da UNICA e no Manual de Conservação e Reuso de Água na Agroindústria Sucroenergética, desenvolvido em 2009 pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). O projeto teve apoio da Agência Nacional das Águas (ANA), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e da UNICA, e foi lançado em um evento que contou com patrocínio da Coca-Cola.
Coordenador do Manual produzido pelo CTC, o engenheiro André Elia Neto, especialista em tecnologia agroindustrial, destaca que a abundância das chuvas na região Centro-Sul do Brasil também é um fator importante, por eliminar a utilização de mecanismos de irrigação artificial na principal região produtora do País. “Mesmo quando, no período de seca, algumas usinas aplicam na lavoura a água residuária e a vinhaça, grande parte dessa água é oriunda da própria cana colhida. Ou seja, parte da água que saiu do campo volta para o campo. Muito pouco do que é utilizado nos canaviais é proveniente das redes de abastecimento,” afirma o especialista.
Na opinião do gerente de Sustentabilidade da UNICA, estes avanços verificados nos últimos anos demonstram que “a indústria da cana entende a água como uma commodity importante para o Brasil e para o próprio setor”. Ele lembra ainda que a proteção das matas ciliares contribui para a proteção dos recursos hídricos e destaca o papel do Protocolo Agroambiental, iniciativa da UNICA em conjunto com as Secretarias Estaduais de Meio Ambiente e Agricultura: “Só em São Paulo, já são mais de 260 mil hectares de áreas ripárias protegidas pelo setor, o que equivale a 25% do total dessas áreas no estado.”
Conforme estimado pela ONU, 1,8 bilhão de pessoas deverão conviver com a escassez de água em 2025. Apesar de cerca de 70% da superfície terrestre estar coberta por água, estima-se que, do volume total, mais de 97% sejam constituídos de água salgada, sendo a parte restante denominada com “água doce.” De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), cerca de 70% dessa “água doce” é consumida pela agricultura através da irrigação.
