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Supercarro brasileiro movido a etanol ilustra busca sustentável

17 de julho de 2012

Um novo carro de alto desempenho desenvolvido no Brasil, da categoria dos chamados superesportivos, reforça uma tendência mundial que vem sendo observada nesse segmento nos últimos anos: a busca pela redução das emissões de gases causadores do efeito estufa (GEEs) sem perda de desempenho. O mais novo exemplo dessa tendência é o Amoritz GT DoniRosset, protótipo que vem equipado com o mesmo motor Dodge V10, de 8,2 litros e 1.007 cavalos de potência, que equipa outro supercarro famoso: o Dodge Viper.

Para o consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, a proposta do modelo brasileiro, apresentado em maio deste ano pela empresa de design automotivo Amoritz GT, soma-se a experiências de sucesso realizadas em países da Europa e nos Estados Unidos. São projetos em que o combustível renovável substitui total ou parcialmente a gasolina em modelos de montadoras como Nissan, Ferrari e Ford.

Szwarc explica que adaptações desse tipo serão cada vez mais exploradas por empresas de customização automotiva, por conta da crescente conscientização ambiental entre os consumidores.

“Para os proprietários de veículos de alto padrão, como é o caso do Amoritz GT DoniRosset, o conceito de sofisticação incorpora a sustentabilidade e o etanol é o biocombustível que mais traduz essa ideia, já que além de ter alta octanagem, é capaz de emitir até 90% menos dióxido de carbono (C02) em relação à gasolina,” explica o especialista da UNICA.

Segundo o proprietário da Amoritz GT, o empresário Fernando Morita, o veículo começou a ser desenvolvido no início de 2008 e agora depende do interesse de investidores. A expectativa é fabricar até 50 unidades sob encomenda em 2012, que serão comercializados por até R$2 milhões por veículo.

Convertidos

A competitividade do biocombustível em modelos esportivos ganhou notoriedade em janeiro de 2009, em uma iniciativa apoiada pela montadora Ford. Na oportunidade, um Ford Mustang convertido para flex e abastecido com E-85 (mistura de 85% de etanol com 15% de gasolina) atingiu a marca de 406,8 km/h no deserto de sal de Bonneville Salt Flats, no estado americano de Utah, estabelecendo um recorde de velocidade que não era quebrado há mais de 40 anos.

Também nos Estados Unidos, em julho de 2010, técnicos da empresa Switzer Performance modificaram um Nissan GT-R para andar com etanol em vez de gasolina. Na oportunidade, Tim Switzer, proprietário da empresa, revelou que o biocombustível foi “o único capaz de impulsionar o motor com potência de 900 cv.”

Outro exemplo ocorreu no início deste ano, quando a companhia norueguesa Customized também quebrou paradigmas em relação à utilização de biocombustíveis em superesportivos. A empresa adaptou uma Ferrari FF, primeiro modelo da famosa marca italiana com tração nas quatro rodas e capacidade para quatro pessoas, para rodar com E85. Resultado: 885 cv de potência, 225 cv a mais do que quando o motor utiliza gasolina, com velocidade final de 335 km/h.

Bentley

Embora a viabilidade do etanol em veículos de alto desempenho tenha sido mais do que demonstrada por empresas de customização, foi em julho de 2010 que veio a consagração por parte da indústria automotiva: a fabricação em série de um superesportivo capaz de rodar com E-85 ou gasolina pura, o Continental GT Supersports. O primeiro flex produzido pela Bentley Motors tem 621 cv e vai de 0 a 100 km/h em 3,9 segundos, atingindo velocidade final de 329 km/h.

O carro foi uma das atrações do Labirinto Canavial, estande do Projeto AGORA durante o Salão Internacional do Automóvel realizado há dois anos em São Paulo. Na ocasião, Christophe Georges, diretor-presidente da multinacional britânica, prometeu ampliar o uso da tecnologia flex para todos os modelos da marca.