undefinedO avanço do etanol no mundo como uma alternativa sustentável e de baixa emissão de carbono pressupõe o fim de barreiras comerciais, principalmente dos países desenvolvidos, cujas políticas impedem o livre comércio do produto, avaliou Marcos Jank, presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA). Ele participou do segundo dia da “Primeira Conferência Internacional de Biocombustíveis”, promovido pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), com patrocínio da UNICA, em São Paulo.
“Temos ainda uma árdua tarefa pela frente que é a de transpor enormes barreiras protecionistas, particularmente nos Estados Unidos e Europa. O que ocorreu na última semana, em Washington, em uma ação promovida pela UNICA, é uma prova cabal de que mexemos com interesses poderosos e muito bem articulados,” declarou Jank a uma atenta platéia de empresários e especialistas em biocombustíveis.
Jank se referiu a uma ação articulada pela UNICA para alguns postos de combustíveis em Washington, próximos ao Capitólio. O evento consistia em dar um desconto de 54 centavos de dólar aos consumidores que abastecessem com etanol, exatamente o valor de tarifa imposta pelo etanol importado nos Estados Unidos, cuja vigência vai até o final de 2010. Súbita e unilateralmente os donos dos postos cancelaram a ação alegando “razões políticas”, mas sem especificar quais.
Barreiras
A tarifa de americana de 54 centavos por galão (3,78 litros) de etanol importado do Brasil eleva o preço do biocombustível e o torna menos competitivo
Na União Européia, a taxa do etanol produzido no Brasil é de 0,19 euro por litro. Soma-se a isso a disseminação de diferentes critérios de sustentabilidade para os biocombustíveis, discutido em diversos países consumidores, particularmente na Europa, que pode gerar barreiras não-tarifárias com alto custo à produção brasileira se não conduzidas com equilíbrio.
“Estes são exemplos típicos que impedem avançarmos com uma solução que é sabidamente limpa, renovável e sustentável. O Brasil precisa ter uma posição de estado mais ativa neste sentido, com políticas pontuais para a defesa do nosso produto no exterior,” acrescentou Jank.
O presidente da UNICA afirmou ainda que o etanol vive hoje um paradoxo quando se observa o sucesso do carro flex brasileiro, mais de dez milhões em circulação, e as alternativas hoje em discussão para a indústria automobilística como a dos carros híbridos, elétricos ou movidos a hidrogênio. “Concretamente, temos em mãos uma solução em escala, testada, competitiva e sustentável com o flex. E é isto que precisa ser observado,” concluiu Jank.