A adoção do etanol em veículos de tarefas pesadas que operam na zona rural, como tratores e colheitadeiras, poderá servir como incentivo e referência para a implantação desta tecnologia nos veículos pesados que trafegam nos grandes centros urbanos. A avaliação foi feita pelo consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, ao comentar o possível lançamento de um trator bicombustível no mercado brasileiro.
O anúncio foi feito pela fabricante e distribuidora de equipamentos agrícolas AGCO, que, em parceria com as empresas MWM Internacional, Massey Ferguson e Delphi, apresentou um protótipo bicombustível do Massey Ferguson 275, com 75 cavalos de potência, que opera com até 70% de etanol misturado ao diesel. O trator utiliza tanques individuais para cada um dos dois combustíveis.
“Implementar a tecnologia bicombustível em veículos pesados no meio urbano, como ônibus para transporte de passageiros ou caminhões de carga diminuiria sensivelmente as emissões de CO2 e de outros poluentes, como partículas e óxidos de nitrogênio, o que melhoraria a qualidade do ar nas grandes cidades”, avalia o consultor da UNICA.
Além da versão com 75 cv, existe a possibilidade de a empresa adotar a tecnologia bicombustível em outras linhas de produto, “inclusive nos tratores mais vendidos para o setor sucroenergético, como os modelos 600 HD e 6000 HD”, anunciou o gerente de marketing da Massey Ferguson, Eduardo Sousa. O gerente disse que, atualmente, do total de tratores produzidos pela empresa 40% são vendidos para as usinas de cana-de-açúcar.
Além dos tratores, Souza também confirmou o interesse da empresa em ampliar a sua participação no setor sucroenergético com a produção de outros produtos. Segundo informou, já está em fase de desenvolvimento uma colheitadeira de cana-de-açúcar também bicombustível.
O protótipo foi exposto na Expointer (até 07/09/2008), evento agropecuário e de maquinário que reúne expositores da América Latina, no município de Esteio, no Rio Grande do Sul.