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Treze anos de Consecana: avanços que servem de modelo para outros

29 de novembro de 2010

Ao completar 13 anos de vida, a bem sucedida metodologia do Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de S. Paulo – o Consecana – ganhou maturidade, musculatura e é hoje um modelo para outros setores que almejam uma eficiente harmonia entre produtores rurais e áreas industriais. Esta foi a avaliação dos representantes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) durante o seminário “Sistema Consecana: 13 anos de evolução no Estado de São Paulo,” realizado na quinta-feira (25/11) em Piracicaba (SP).

“O trabalho realizado até aqui nos torna uma referência para que outros setores utilizem o modelo do Consecana, mostra que a metodologia é madura, criteriosa e que contempla tanto os fornecedores de cana quanto os produtores de etanol e açúcar,” afirmou Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da UNICA, entidade que organizou o seminário juntamente com a Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana) e o Centro de Pesquisas Econômicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea).

O conselho que compõe o Consecana criou um sistema de pagamento da cana-de-açúcar pelo teor de sacarose, com critérios técnicos para avaliar a qualidade da cana-de-açúcar entregue pelos plantadores às indústrias e para determinar o preço a ser pago ao produtor rural. “O sistema tem adoção voluntária e sem a interferência e participação do governo,” lembra Antonio de Padua. “É uma pena que, mesmo com um sistema com estes resultados, ainda existam alguns produtores que querem a presença do governo neste processo,” afirma.

Pelo sistema, o valor da cana-de-açúcar se baseia no chamado Açúcar Total Recuperável (ATR), que corresponde à quantidade de açúcar disponível na matéria-prima subtraída das perdas no processo industrial, e nos preços de venda do açúcar e etanol pelas usinas nos mercados interno e externo.

Números exuberantes

Para Luciano Rodrigues, gerente de economia e análise setorial da UNICA, um olhar criterioso sobre os recentes números do Consecana referendam um modelo bem-sucedido:

• Na safra 1998/99, primeiro ano da implantação do sistema,  São Paulo contava com 11.570 fornecedores de cana. Neste período,  51,5 milhões de toneladas de cana foram analisadas e o estado processou 199,5 milhões de toneladas.

• Já na safra 2009/2010 foram computados 18.078 fornecedores de cana, o que correspondeu a 124,0 milhões de toneladas de cana de fornecedores e uma moagem de 361,3 milhões de toneladas de cana no estado.

“Feitas as contas, estamos falando de um crescimento de 56,25% no número de fornecedores entre as duas safras citadas, com aumento de 140,8% no volume de cana de fornecedores e crescimento de 81,1% no total de cana processada no estado,” sublinha Luciano Rodrigues.

Gestão de sucesso

Para o diretor da UNICA, o sucesso do modelo Consecana não é fortuito. “A gestão é privada e se moderniza em função de novas tecnologias. Além disso, preserva e incentiva cada vez mais o aumento da cana dos fornecedores e garante a manutenção  das associações de classe. Vamos lembrar que as unidades industriais retém as taxas definidas em assembléias de fornecedores e as repassam, em um processo totalmente transparente,” afirma.

Ele explica que a questão da transparência é crucial no modelo, razão pela qual os  levantamentos de preços praticados no mercado interno e externo são feitos pelo Cepea/Esalq, uma entidade neutra, “de grande capacidade técnica e de aceitação pelas partes e pelos agentes de mercado, com indicadores de preços agora auditados”.

Luciano Rodrigues acrescenta que o volume de produção e de comercialização das unidades produtoras que compõem o Consecana são passíveis de fiscalização pelos governos federal e estadual, o que permite uma correta tributação sobre os produtos comercializados.

ISO 9001

No encontro em Piracicaba, os pesquisadores do Cepea informaram que está em processo de certificação ISO 9001, uma certificação de qualidade, a metodologia de cálculo dos diversos índices elaborados pela instituição. São esses índices que compõem a formação de preço do Kg de ATR mensal do Consecana.

Já a Orplana lembrou a importância do Sistema ATR e reforçou a necessidade de envio das informações por parte das usinas e fornecedores. Esse trabalho é crucial para a consolidação de um banco de dados eficiente e que dê respaldo ao modelo Consecana.