Ao longo de muitos anos, a indústria brasileira de cana-de-açúcar tem conseguido progressos significativos na integração da sustentabilidade em suas práticas. A indústria também vem trabalhando lado a lado com importantes parceiros para desenvolver um esquema voluntário, capaz de demonstrar não somente o cumprimento com os requisitos de sustentabilidade da União Européia, como a capacidade de ir além dessas exigências. Os detalhes de como a indústria avançou nessas frentes no Brasil foram o foco principal da apresentação de Emmanuel Desplechin, representante-chefe da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) na União Européia, na conferência Biofuels Hall of Fame, realizada em Berlim, na Alemanha, nos dias 13 e 14 de setembro de 2010.
Em sessão dedicada à sustentabilidade dos biocombustíveis, Desplechin descreveu o Zoneamento Agroecológico de Cana de Açúcar, introduzido pelo governo brasileiro para garantir a expansão sustentável da cana-de-açúcar e proibir a expansão em áreas ricas em biodiversidade ou ocupadas por qualquer tipo de vegetação nativa. Ele também detalhou iniciativas como o Protocolo Agroambiental, assinado em 2007 entre a UNICA e o governo do Estado de São Paulo, que estabelece uma série de compromissos e diretivas técnicas, como as antecipação do fim da colheita de cana com o uso de fogo. No que se refere ao aperfeiçoamento das condições de trabalho no setor, Desplechin mencionou o programa RenovAção, que requalificará anualmente até 7 mil trabalhadores rurais da cana no estado de São Paulo para novas atividades dentro do setor sucroenergético ou para outras ocupações.
Práticas sustentáveis
“A indústria brasileira de cana desenvolveu suas próprias práticas sustentáveis, independentemente dos critérios de sustentabiliade da União Européia envolvendo restrições no uso da terra e reduções nas emissões de gases de efeito estufa. O objetivo agora é comprovar que esses avanços atendem os requisitos da UE”, disse Desplechin, ao explicar o envolvimento da UNICA com o Better Sugarcane Initiative (BSI), uma parceria que inclui produtores, comercializadores, usuários finais, organizações não-governamentais e sem fins lucrativos. A parceria tem como objetivo estabelecer critérios transparentes e verificáveis para a produção sustentável de cana de açúcar e seus derivados.
O foco principal do BSI é aperfeiçoar continuamente temas sociais, ambientais e econômicos como produtividade do solo, uso racional da água, a gestão de águas residuais, proteção à biodiversidade e condições de trabalho equitativas. O padrão de produção proposto pelo BSI foi publicado no final de julho de 2010 e já formalmente submetido para reconhecimento pela União Européia. O objetivo é aprovar o padrão do BSI junto aos critérios de sustentabilidade da UE em todos os 27 países membros.
A sessão de sustentabilidade de biocombustíveis foi conduzida por Sandra Glisic, pesquisadora da Universidade de Belgrad0, na Sérvia. Também participaram Andreas Renner, diretor-presidente da GEXSI (Global Exchange for Social Investment), organização com sede no Reino Unido que reúne doadores, empresários e investidores interessados em financiar negócios sociais em regiões de baixa renda em todo o mundo; e Michael Jackson, diretor executivo da SyntecBiofuel, empresa de energia renovável baseada no Canadá.
Apex-Brasil
A participação da UNICA no evento ocorreu dentro do escopo do projeto Apex-Brasil/UNICA, iniciado em janeiro de 2008 e renovado em setembro de 2010. Trata-se de uma parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O objetivo do projeto Apex-Brasil/UNICA é promover a imagem do etanol brasileiro de cana-de-açúcar como energia limpa e renovável ao redor do mundo.