A brilhante carreira do físico, professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e ex-ministro da Educação José Goldemberg, acaba de receber mais um reconhecimento internacional: o Prêmio Zayed de Energia do Futuro (Zayed Future Energy Prize, em inglês) na categoria “Life Achievement”, concedida a personalidades de destaque na área da bioenergia.
O prêmio, entregue no dia 15 de janeiro em cerimônia realizada pela Fundação Zayed em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, é a sexta premiação internacional conquistada por Goldemberg. Na visão da presidente executiva da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Elizabeth Farina, a comenda também ratifica o papel estratégico do setor sucroenergético para a sustentabilidade do planeta.
“Os trabalhos realizados pelo professor Goldemberg, especialmente nas últimas quatro décadas em que ele vem se dedicando às energias renováveis, foram de fundamental importância para que o mundo compreendesse melhor o papel do etanol na redução das emissões de gases causadores do efeito estufa (GEEs) e como forte indutor de desenvolvimento econômico e social,” observou, ao parabenizar o acadêmico por mais uma importante conquista.
A premiação concedida a Goldemberg, no valor de US$ 500 mil, foi entregue pelo xeque Mohammed bin Zayed Al Nahyan, príncipe herdeiro de Abu Dhabi e responsável pela premiação, promovida anualmente desde 2008. “Fiquei admirado por ter recebido o prêmio, porque não só é um reconhecimento do trabalho científico que tenho feito, mas também de que a bioenergia é um ingrediente importante para um futuro sustentável,” afirmou o físico à Agência de Notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
O ex-reitor da USP, que também já comandou as Secretarias de Ciência e Tecnologia do Governo Federal e de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, se disse surpreso com a premiação deste. “É a primeira vez que eles premiam alguém cujo trabalho principal não foi em relação às fontes fotovoltaica e eólica ou à conservação de energia. O que chama atenção é que o prêmio foi concedido no Oriente Médio,” ressaltou. Os Emirados Árabes têm uma das dez maiores reservas de petróleo no mundo, cujos produtos derivados, como a gasolina e o diesel, são os grandes causadores do aquecimento global.
Além de laurear cientistas e pesquisadores, o Prêmio Zayed de Energia do Futuro tem categorias voltadas a empresas, escolas de ensino médio e Organizações Não-Governamentais (ONGs). No total, a edição de 2013 distribuiu US$ 4 milhões em prêmios.
Carreira pela sustentabilidade
Além de conquistar a quinta edição do Prêmio Zayed, Goldemberg soma importantes premiações no exterior em função de trabalhos realizados no campo da bioenergia. Elas incluem a designação como um dos “heróis do meio ambiente” em 2007 pela Revista Time, e o Prêmio Planeta Azul, da Asahi Glass Foundation do Japão, conferido em 2008. Entre os prêmios mais importantes em ecologia, o Planeta Azul destacou a participação de Goldemberg nos debates da primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como ECO-92, ou Rio-92.
O reconhecimento internacional para o professor da USP na área de energias renováveis teve início no final da década de 1970, quando Goldemberg publicou na Revista Science um artigo no qual calculou a quantidade de energia consumida por três plantas – mandioca, sorgo-doce e cana de açúcar – para produzir o etanol, mostrando a eficiência da cana na comparação com outras fontes.
Ajudei a identificar as características positivas da bioenergia. O pessoal produzia açúcar e etanol há 30 anos, mas não tinha se dado conta de que etanol é, no fundo, energia solar transformada em um líquido. Meu traalho publicado na Science mostrou isso: etanol é, no fundo, energia solar convertida em líquido,” concluiu Goldemberg.