A aprovação de um memorando de entendimento entre Brasil e Moçambique, confirmada pelo Senado nesta terça-feira (12/05/2009), poderá ser um dos mais bem-sucedidos acordos desta natureza, dadas as afinidades geográficas e culturais entre os dois países. A afirmação é do diretor executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa, sobre o documento que poderá ajudar o governo moçambicano a alavancar a produção de etanol.
Ele explica que a parceria pode ocorrer em diversos níveis, particularmente no setor agronômico: “Considerando as semelhanças agro-climáticas entre as duas regiões, há um grande escopo para transferência e adaptação das diversas variedades produtivas de cana-de-açúcar, bem como do manejo agrícola. Outra área de cooperação é no setor industrial, seja no processamento da cana, na cogeração de energia elétrica a partir do bagaço, ou no uso de motores flex nos automóveis”.
Ainda segundo o diretor da UNICA, essa cooperação será importante para trocas de experiência sobre modelos sustentáveis de produção e de capacitação técnica da mão de obra. “A experiência brasileira, de mais de três décadas, na produção de etanol, com seus erros e acertos, pode trazer grandes contribuições para o desenvolvimento de um programa sustentável de biocombustíveis no país africano”.
O memorando, que foi assinado entre os dois governos em setembro de 2007, foi relatado favoravelmente pelo senador João Tenório (PSDB-AL). Empresários brasileiros da área já estiveram no país discutindo a instalação de destilarias. Recentemente, o governo de Moçambique aprovou a Política e Estratégia Nacional de Biocombustíveis visando a produção de biocombustíveis no país a partir de cana-de-açúcar e sorgo, para produção de etanol; e jatrofa (pinhão manso) e coco, para biodiesel.
Entre seus atrativos, Moçambique apresenta a disponibilidade de quase 30 milhões de hectares de terras aráveis e férteis, além de uma localização geográfica privilegiada para o escoamento do etanol para a Ásia e a Europa, o que poderá ser feito por meio dos três portos ao longo da sua costa. Além disso, o país africano pode exportar etanol para a Europa sem as sobretaxas impostas ao Brasil, privilégio concedido a ex-colônias européias.
Moçambique está situado na mesma faixa de latitude das áreas de lavoura brasileiras mais competitivas de cana-de-açúcar. O governo moçambicano já selecionou três regiões do país para produção de etanol, todas com clima parecido com o do Brasil.