undefinedA primeira planta a ser instalada no Brasil para produzir etanol a partir de celulose, o chamado etanol de segunda geração, deve entrar em operação em 2013. O projeto, estimado em USD$75 milhões, é resultado de uma parceria entre a brasileira GraalBio e a Chemtex, empresa que faz parte do grupo italiano Mossi & Ghisolfi (M&G).
Para Alfred Szwarc, consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), a novidade anunciada no início de outubro é peculiar porque pode acelerar um processo muito aguardado: a fabricação do etanol celulósico a partir do bagaço e da palha de cana-de-açúcar. Neste sistema, enzimas são utilizadas para transformar a celulose em açúcares, que depois passam por fermentação e são convertidos em etanol.
“Caso as projeções de produção do etanol derivado do uso de biomassa se concretizem, o País poderá ser um dos primeiros no mundo a operar esse tipo de tecnologia em escala comercial,” destaca o consultor da UNICA.
Segundo Szwarc, esse tipo de tecnologia pode aumentar a produtividade média de uma unidade produtora de etanol convencional em 30 a 40%, em função da disponibilidade de matéria-prima, o bagaço da cana-de-açúcar. O potencial cresce na medida em que a palha da cana-de-açúcar for substituída pelo bagaço como combustível das caldeiras. Contudo, o consultor da UNICA ressalta que o custo ainda preocupa o setor, algo que a M&G e a Graal dizem ter solucionado.
A M&G afirma que já investiu US$200 milhões desde 2006 em um projeto chamado Proesa, criado para extrair o biocombustível do bagaço de cana. Segundo o CEO da Chemtex e vice-presidente da M&G, Guido Ghisolfi, o etanol produzido dessa forma será comercializado a um preço inferior ao do etanol de cana produzido no Brasil – entre R$ 1,65 e R$ 1,78 o litro (considerando o valor do dólar em 24/10).
A parceria
A GraalBio é uma de cinco empresas criadas pela família Graal, ex-acionista do grupo Odebrecht. Todas pretendem atuar em áreas ligadas à inovação, com foco em aquisições e associações a companhias que detém tecnologia, a exemplo da italiana M&G.
De acordo com o diretor da empresa brasileira, o interesse pelo etanol de segunda geração nasceu devido ao grande potencial do produto, tanto no mercado nacional quanto no internacional. “Estou disposto a correr risco um tecnológico que outras empresas não estão dispostas a enfrentar,” destaca Bernardo Gradin.
Já para o CEO da M&G, Guido Ghisolfi, o acordo com a Graal será uma boa oportunidade para expandir os negócios no Brasil. “Para nós, o acordo com a Graal é uma ótima maneira de lançar nossa tecnologia em terras brasileiras e desenvolver o seu potencial,” explicou.