A Petrobras anunciou que começará a testar, em dezembro, o etanol como combustível para operar uma usina térmica na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Os testes, com duração prevista de três a quatro meses, começam em 11 de dezembro a um custo estimado de R$ 10 milhões e servirão para balizar as condições de preço e de logística.
Para o gerente geral de Operações de Ativos em Energia da empresa, Roberto Machado Silva, a utilização do etanol para movimentar as turbinas termelétricas pode ser muito vantajosa para o Brasil. “Uma unidade no interior de São Paulo teria uma rica fonte de abastecimento com as usinas de etanol e um preço incomparável da matéria-prima”, afirmou.
Segundo cálculos da Petrobras, seriam necessários em torno de 15 caminhões de etanol diários para abastecer a térmica de Juiz de Fora. A princípio, o etanol será entregue pela BR Distribuidora.
Mais de 100 mil veículos flex
De acordo com o gerente da Petrobras, para gerar os 42 MW hora que a usina demanda serão necessários 24 mil litros de etanol por hora, em vez de 16 mil litros de diesel. “O consumo de 24 mil litros por hora significam 576 mil litros por dia. Isto equivale ao gasto diário de mais de 100 mil veículos flex usando somente etanol”, destacou Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA).
Para a UNICA, a termelétrica pode ser muito positiva para o setor sucroenergético. “Isso vai aumentar a demanda por etanol de cana, um biocombustível limpo e renovável e grande redutor de emissões de gases de efeito estufa e de partículas”, completou Alfred Szwarc, especialista em emissões e tecnologia da UNICA.
A estatal espera poder participar de leilões de energia nova já em 2010. Segundo Silva, a empresa não quer substituir o gás natural e sim disputar mercado com o óleo diesel. “Enquanto o etanol ficar a menos de 75% do preço do seu concorrente, ele é viável. Isso sem contar que ele não é importado, é menos poluente e ainda pode gerar créditos de carbono”, concluiu.