O uso do etanol em carros híbridos, que combinam a eficiência de propulsão dos motores elétricos com a elevada autonomia dos motores de combustão, é um aprimoramento que leva a significativos ganhos ambientais, especialmente a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa. Para comprovar esta tese, o consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, cita como exemplo o projeto desenvolvido pela empresa de engenharia automotiva Kor Ecologic, no Canadá, que em setembro de 2011 lançou o Urbee, um protótipo exclusivamente movido a energia renovável capaz de rodar até 85 quilômetros com um litro de etanol.
“O Urbee simboliza o conceito ideal de carros híbridos, porque une duas formas de energia limpa e renovável de forma eficiente” avalia Szwarc. O especialista da UNICA acredita que a iniciativa canadense poderia ser inspiradora para soluções tecnológicas semelhantes no Brasil, mas com o diferencial de se usar a tecnologia flex no motor à combustão.
“Por se tratar de um País que se destacou na fabricação de carros multicombustíveis e que consolidou o uso do etanol nas bombas, acredito que o mercado brasileiro tem um grande potencial para a comercialização e até produção de veículos híbridos com motores flex,” acrescenta o consultor da UNICA, ponderando a necessidade de se fazerem pesquisas e investimentos que viabilizem o produto.
Urbee
Além de inovar com um sistema de propulsão elétrica e um motor exclusivamente movido a etanol, que consome até oito vezes menos energia do que um carro comum, o protótipo canadense também impressiona pelo seu desenho futurista: são três rodas e dois assentos. Com velocidade final de até 70 km/h, e proporcionando metade da resistência do ar e peso de um Toyota Prius, primeiro híbrido fabricado em série e com bons resultados no mercado, o Urbee pode ser carregado em uma tomada, tecnologia conhecida como “plug-in”, ou a partir de fonte solar e eólica.
Embora o modelo ainda não seja encontrado em concessionárias de automóveis no Canadá, a companhia Kor Ecologic, sediada na cidade de Winnipeg, quer viabilizar um segundo protótipo, cujo custo de desenvolvimento será de pelo menos US$ 1 milhão. O Urbee original demandou US$ 750 mil em investimentos privados. A empresa responsável pelo projeto estima que o preços do Urbee para o consumidor deve variar entre US$ 10 mil (cerca de R$ 17 mil) e US$ 50 mil (cerca de R$ 85 mil).
Futuro
Um dos principais desafios da indústria automobilística mundial tem sido popularizar a produção e a utilização de automóveis elétricos. E um dos maiores entraves para isso tem sido os altos custos para o desenvolvimento desses veículos, de tecnologia mais complexa. Carros híbridos requerem dois sistemas de propulsão, característica que tem impacto direto sobre o custo de fabricação e manutenção desses veículos.
O primeiro modelo bem sucedido comercialmente a combinar motor elétrico e a combustão foi o Toyota Prius, lançado pela montadora japonesa em 1997. No Brasil, os automóveis híbridos começaram a chegar em 2010. Por serem poucos modelos e, em geral, pertencentes à categoria luxo, os híbridos não são amplamente acessíveis para o consumidor brasileiro. Modelos disponíveis no país incluem o Mercedes-Benz S 400 Hybrid, que custa R$ 430 mil, o Ford Fusion Hybrid, com preço de R$ 150 mil e o BMW Série 7, na faixa dos R$ 650 mil.