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Vendas de etanol por usinas do Centro-Sul atingem 2,15 bi de litros

21 de junho de 2010

As vendas de etanol pelas unidades produtoras da Região Centro-Sul do País cresceram de forma significativa em maio e totalizaram 2,15 bilhões de litros, um aumento de 16,55% em relação ao mês anterior, quando foram vendidos 1,85 bilhão de litros. Do total vendido em maio, 199,36 milhões de litros foram destinados ao mercado externo e 1,96 bilhão ao mercado doméstico.

Segundo o Diretor Técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, “esse aumento é reflexo da volta do nível de mistura do etanol anidro adicionado à gasolina, do incremento significativo de transferências de anidro para a Região Norte-Nordeste e da evolução da frota de veículos flex, além do próprio crescimento observado nas exportações.” Esses fatores têm sido os principais responsáveis pela recuperação de preços do etanol verificada recentemente, concluiu.

Na última quinzena de maio, as vendas de etanol chegaram a 1,14 bilhão de litros, sendo 102,57 milhões para o mercado externo e 1,04 bilhão para o mercado interno. Desse total destinado ao consumo doméstico, 309,07 milhões de litros foram de etanol anidro e 727,68 milhões de hidratado, um crescimento de 9,33% em relação à primeira quinzena de maio e praticamente o mesmo volume observado na segunda quinzena de maio de 2009 (735,73 milhões de litros).

“As vendas de hidratado na última quinzena de maio voltaram a atingir o mesmo patamar observado em 2009. Entretanto, no ano passado, nesse mesmo período, devido à crise financeira, as usinas venderam etanol a R$ 0,58 o litro. Já este ano foi possível vender o mesmo volume de etanol ao preço de R$ 0,71 por litro,” afirma Rodrigues. Segundo o executivo, esse fato se deve aos aspectos já mencionados anteriormente e mostra como o potencial de demanda de etanol cresceu a partir de maio de 2009, consequência dos 2,76 milhões de veículos flex que se somaram ao mercado brasileiro nos últimos doze meses.

Ainda em relação ao mercado de etanol, no mês de junho foi instituída a linha de crédito para o financiamento de estocagem de etanol combustível (warrantagem). Essa linha, aprovada em reunião do Conselho Monetário Nacional e normatizada pela resolução 3863/10 de 07 de junho de 2010, destina R$ 2,4 bilhões para o financiamento da estocagem do produto, com um taxa efetiva de juros de 9% ao ano, com preços de referência de R$ 0,75 por litro para o etanol hidratado e R$ 0,83 por litro do anidro.

Para Padua, as condições dessa linha são melhores que as  disponibilizadas em 2009 e, além disso, este ano as usinas estão mais aptas à captação dos recursos: “Estamos discutindo com o Governo apenas alguns aspectos em relação à operacionalização do programa, e a expectativa é de que o recurso esteja disponível para as empresas já a partir de julho. Desta forma, esperamos uma maior estabilidade na oferta de etanol tanto nos meses de safra quanto nos de entressafra,” acrescentou.

Moagem de cana

A moagem de cana no Centro-Sul do País totalizou 40,42 milhões de toneladas na segunda quinzena de maio, crescimento de 9,19% em relação aos 37,02 milhões processados no mesmo período da safra anterior. No acumulado desde o início da safra 2010/2011, a moagem atingiu 134,28 milhões de toneladas.

Tal volume de cana processada em maio só foi possível graças às condições climáticas excepcionais que favoreceram a colheita, principalmente na segunda quinzena do mês. Essas condições permitiram um menor número de dias de moagem perdidos: em abril, em média, o número de dias de moagem perdidos pelas unidades produtoras foi de 6,59. Já em maio esse valor caiu para 3,64 dias, valor inferior à média histórica para o período, em torno de 5 dias.

O incremento de moagem verificado até o momento se deve, basicamente, à antecipação do início de operação das unidades produtoras nesse ano (em média, houve uma antecipação de 15 dias) e às condições climáticas que favoreceram a colheita. Entretanto, apesar de facilitar a colheita nesse início de safra, o clima mais seco prejudicou o desenvolvimento de parte do canavial e poderá reduzir o volume de cana disponível para colheita no último terço da safra. A Unica está avaliando e quantificando esses aspectos e irá divulgar uma nova avaliação da cana disponível para moagem na safra 2010/2011 nos próximos meses.

Qualidade da matéria-prima

A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana na segunda quinzena de maio ficou em 130,39 kg de ATR, cifra 4,42% superior à observada no mesmo período de 2009 (124,87 kg de ATR).

No acumulado desde o início da safra 2010/2011, a concentração de ATR ficou em 121,97 kg por tonelada de cana, apenas 1,78% superior aos 119,84 kg obtidos na safra anterior.

Açúcar e etanol

Do total de cana processada do início da safra até o dia 31 de maio, 42,72% foi destinado à produção de açúcar e 57,28% ao etanol. Na segunda quinzena de maio, a proporção da cana destinada à produção de açúcar alcançou 44,38%.

No acumulado desde o início da safra, a produção de açúcar chegou a 6,66 milhões de toneladas, e a de etanol alcançou 5,49 bilhões de litros, sendo 1,31 bilhão de etanol anidro e 4,18 bilhões de etanol hidratado.

Na segunda quinzena de maio, a produção de açúcar totalizou 2,23 milhões de toneladas. Já a de etanol foi de 1,71 bilhão de litros, sendo 480,50 milhões de etanol anidro e 1,23 bilhão de hidratado, crescimento de apenas 1,49% em relação à mesma quinzena da safra passada.

“A proporção de cana destinada à produção de açúcar até o momento ainda é superior ao valor observado no mesmo período do ano passado, pois muitas empresas assumiram compromissos de entrega para esse primeiro terço da safra. Além disso, estamos vivenciando um período de elevada procura no mercado físico mundial de açúcar e o Brasil é um dos poucos países que pode atender a essa demanda. Isso pode ser constatado pelo maior volume de açúcar embarcado em maio e, principalmente, pelo grande número de navios nomeados para o mês de junho, que deve fechar com um incremento significativo nas exportações de açúcar,” explica Rodrigues. Para o Executivo, o perfil da produção do Centro-Sul pode sofrer alterações após esse período de demanda mais aquecida pelo produto.

Segundo dados da Secretaria do Comércio Exterior (SECEX), as exportações brasileiras de açúcar totalizaram 2,13 milhões de toneladas em maio, crescimento de 56,78% em relação ao volume embarcado em abril deste ano. Em valores, as exportações de açúcar totalizaram US$ 3,73 bilhões entre janeiro e maio, aumento de 50,36% em relação ao valor observado no mesmo período do ano anterior.

Para acessar os dados da safra, clique aqui.

SOBRE OS DADOS DA SAFRA

Os dados divulgados nesta atualização de safra são compilados e analisados pela UNICA, com números fornecidos pelos seguintes sindicatos e associações de produtores da Região Centro-Sul:

ALCOPAR – Associação dos Produtores de Bioenergia no Estado do Paraná
BIOSUL – Associação dos Produtores de Bioenergia do Mato Grosso do Sul
SIAMIG – Sindicato da Ind. de Fabricação do Etanol no Estado de Minas Gerais
SIFAEG – Sindicato da Indústria dos Fabricantes de Etanol do Estado de Goiás
SINDAAF – Sindicato Fluminense dos Produtores de Açúcar e Etanol
SINDALCOOL – Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso
SUDES – Sociedade das Usinas e Destilarias do Espírito Santo