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Washington Post critica tarifa sobre etanol brasileiro

5 de agosto de 2009

O jornal Washington Post, um dos mais importantes e respeitados dos Estados Unidos, criticou em seu editorial na edição desta quarta-feira (05/07) a atuação do senador pelo estado de Iowa, Charles Grassley, por sua interferência no processo de confirmação do novo embaixador dos EUA no Brasil, Tom Shannon. Utilizando uma prerrogativa aberta a todos os senadores americanos, Grassley pediu esclarecimentos sobre a posição de Shannon a respeito da tarifa imposta pelos americanos ao etanol importado do Brasil e condicionou o prosseguimento da indicação de Shannon a uma resposta sobre o assunto, que teria que vir do governo Obama.

O senador Charles Grassley Uma carta foi enviada ao senador, assinada por dois ministros de estado do governo americano e informando que neste momento, não há planos para alterar a tarifa que incide sobre o etanol brasileiro. Pelas legislação vigente, o etanol  é tarifado em US$ 0,54 de dólar por galão (equivalente a 3,78 litros) na importação. Após o recebimento da carta, Grassley informou que retiraria sua objeção, permitindo que o processo de confirmação de Shannon como embaixador prosseguisse. A objeção de Grassley se baseou em resposta de Shannon quando questionado sobre a tarifa. Ele afirmou que em sua opinião pessoal, a remoção da tarifa seria algo “benéfico” para os dois países, porém ele reconheceu que havia “opiniões diferentes da sua”, especialmente no Congresso americano.

O Washington Post descreveu o senador Grassley como ferrenho defensor da indústria de etanol de seu estado, Iowa, que é o principal produtor de milho dos EUA, e cuja prosperidade, ainda segundo o diário americano, é protegida pela tarifa contra o etanol importado. Mesmo um pequeno sinal de oposição à tarifa, segundo o Post, é “intolerável” para o senador Grassley. O jornal descreve a tarifa como apenas um componente de um sistema “suntuoso” de proteção para produtores de etanol dos Estados Unidos.

O editorial termina destacando que a tarifa aumenta artificialmente o preço do milho produzido nos Estados Unidos, causando distorções tanto para o mercado de alimentos quanto o de energia, e alerta que a produção doméstica americana talvez não seja suficiente para atender o objetivo determinado por lei de atingir 36 bilhões de galões de etanol consumido no país anualmente até 2022. Sobre onde conseguir cobrir uma eventual falta de etanol no país, o Post completa: “que lugar seria melhor do que o Brasil, um gigante democrático em rápido crescimento com o qual os Estados Unidos mantém uma forte relação política e econômica?”